Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História
Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 1 de julho de 2021
A tsunami que tomou conta do governo Jair Bolsonaro desde a semana passada parece não ter fim. A lamúria dos bolsonaristas mais fiéis guarda até um ar de comicidade, dada a tentativa de justificar o injustificável. A prática comum da política brasileira, da troca de cargos, valores e favores, somada ao histórico do ex-capitão do exército, (que fez carreira como deputado federal no esgoto subpartidário nacional) não deixa muita margem para dúvidas: Jair Bolsonaro sabe bem com o que está lidando e com quem ele estava tratando ao abrir a sua gestão para ocupação dos cargos pelos mesmos carcomidos de sempre. Resta saber se ele consegue conter a sangria abrindo a esplanada dos ministérios para mais apaniguados.
A fim de garantir governabilidade Jair Bolsonaro abandonou todo o discurso eleitoral e se lambuzou na lama da corrupção varejista brasileira. Por certo que até o senhor Olavo de Carvalho parou de postar as suas bravatas nas redes sociais e, comedido, fará de tudo para não cumprir algumas das promessas descabidas que havia feito, caso brotassem escândalos de corrupção junto a Bolsonaro.
Sabemos bem que cada compra superfaturada de vacina, ou cada 1 dólar extraviado por dose, serve para alimentar um caixa eleitoral obscuro, com o objetivo de financiar a máquina eleitoral da reeleição. Atordoado com as notícias que brotam diuturnamente na mídia e com as pesquisas que indicam seu capital restrito a 20% da população, Bolsonaro tem se esmerado em desafiar a tudo e todos para se manter no cargo presidencial. Entre uma aglomeração e outra, retirando máscaras de crianças por onde passa, levando multa por descumprir as regras da pandemia, Bolsonaro vai cavando uma trincheira de difícil saída.
Se de algum modo, nessa conjuntura (são mais de 500 mil mortos!!), muitos ainda não conseguem ver o impeachment como algo natural a ser efetivado, por outro lado, no buraco sem fim em que o presidente se meteu, só mesmo uma bandeira branca poderá tirá-lo dessa batalha porque essas derrotas têm feito sangrar não apenas o capitão, mas também o caixa republicano, já tão esmerilhado pelos desmandos de uma gestão que aumentou demais o custo de vida.
Com o preço do gás, da gasolina, da energia elétrica e do supermercado nas alturas, resta saber qual cidadão continuará pagando esse alto custo de defender o indefensável. Roberto Ferreira Dias deverá nos mostrar um caminho mais seguro para livrar a República. Espera-se que ele conte a verdade com a mesma dedicação com que, segundo a acusação, arrecada propinas no Ministério da Saúde. A conferir.