Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

Vale tudo na pesquisa eleitoral


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 30 de abril de 2022


As últimas pesquisas eleitorais têm embaralhado o debate político em razão dos muitos números divergentes. Tem pesquisa dando a Lula quase 15% de vantagem sobre Bolsonaro, em outra o atual presidente está empatado com o ex. As margens são tão extensas que o público tende, de antemão, a acreditar na máxima bolsonarista de que as previsões eleitorais são meros achismos. E, convenhamos, isso não é verdade.

Entretanto há uma infinidade de institutos de pesquisa trabalhando com metodologias diferentes e, também, sob interesses específicos. Esse ponto precisa ser compreendido e debatido de forma séria pelo noticiário político. Dos consagrados institutos Datafolha e Ibope até os desconhecidos Gerp e PoderData os números parecem fazer referência a disputas completamente distintas. E fica a questão: quem está trabalhando com algo mais factível trazendo para o público um bom retrato do momento político?

Na constante turbulência que Bolsonaro impõe à democracia brasileira a diferença das pesquisas joga ao seu favor levando a sua turba a reforçar os ataques sobre o próprio sistema eleitoral. O questionamento às pesquisas é a porta de entrada para a negação do resultado advindo das urnas eletrônicas. Ela mesmo, a já tão difamada tecnologia de coleta dos votos.

Fato é que dentre as pesquisas feitas por conta própria por um instituto (é o estranho caso da Gerp) e as que foram contratadas por algum segmento empresarial ou sindical, em quase todas elas Lula segue na frente com uma boa margem, porém Bolsonaro demonstra fôlego (especialmente após a saída de Sérgio Moro da corrida) para chegar forte a um segundo turno. Quer dizer, para um bolsonarista o crescimento do presidente já é bem maior que as pesquisas apresentam. Na mesma linha de raciocínio Lula estaria sendo inflado por determinados interesses de setores “descompromissados com a nação”. O caldo conspiratório do bolsonarismo parece não ter fim. As pesquisas, assim, acabam servindo como munição contra elas mesmas deixando, mais uma vez, o método científico fragilizado ante às fake news. E quando uma mentira ganha terreno é a democracia quem perde para ela.