Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

É melhor prevenir do que remediar


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 25 de março de 2021


Esse país tem remédio demais para cura de menos do que a gente precisa. Nessa semana o presidente resolveu mudar, mais uma vez, o discurso. Baixou o tom, deu voz à ciência e, num pronunciamento na TV, defendeu vacinação em massa. Em quatro minutos Jair Bolsonaro conseguiu mentir somente em dois. É um avanço porque, entre uma mentira e outra, deixou a cloroquina de fora do monólogo. É um medicamento a menos para a gente se preocupar, já que o futuro breve tende a nos reservar um remédio amargo em meio aos 300 mil mortos pela covid-19 no Brasil. E o número segue subindo, infelizmente.

O establishment político jamais irá assumir, mas os sucessivos erros do presidente na gestão da pandemia não elevaram os ânimos como deveria. O povo brasileiro continua refém de uma histórica aristocracia entranhada na burocracia de Estado e no carreirismo político. Aristocratas tchutchucas com um Jair. Todos eles cúmplices nessas mortes. Suas doses homeopáticas de revolta, a essa altura, servem como placebo para que a máquina de moer preto e pobre siga operando por meio do Ministério da Saúde.

Entre um novo ministro e mais um novo protocolo, uma medicação para vermes e outra para malária, a gente vai tomando tudo (em tudo quanto é lugar!), menos vacina no braço. Resultado da “jestão” da pandemia levada adiante por Jair Bolsonaro e seu séquito. Se a palavra genocida não pode ser utilizada para classificar tamanha farsa que se acometeu sobre essa nação, talvez um dia a história nos permita, com alguma precisão, dizer que tragédia é essa que vem acompanhando essa terra desde a última eleição.

De acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), eles, os nobres representantes da pátria, não seguirão alienados “votando matérias teóricas como se o mundo real fosse apenas algo que existisse no noticiário”. Afirmou, inclusive, que, caso o governo federal continue cometendo os mesmos erros no combate à pandemia, o Congresso pode acabar ministrando “remédios amargos”, alguns deles “fatais”.

Passado um ano após o primeiro caso diagnosticado no Brasil, eis que o presidente da Câmara receita mais uma medicação. Tal remédio fatal já era conhecido por Rodrigo Maia (DEM-RJ) e poderia ter sido receitado pelo então chefe da Casa de leis. Esse xarope margoso teria poupado muitas vidas e salvado a nação.