Médicos são chamados de “assassinos” e menina de “assassina” por grupo de religiosos momentos antes do aborto

Grupo de religiosos tentam impedir a entrada de equipe médica e da menina, em Recife, para cirurgia

Publicado por: Redação Em: Saúde No dia: 17 de agosto de 2020


A pressão de grupos religiosos para que a família da menina de 10 anos ficou grávida de um tio que a estuprou será alvo de investigação do Ministério Público do Espírito Santo.

A menor sofreu abusos por parte do tio durante 4 anos, e recentemente descobriu que estava grávida dele. Na sexta-feira (14), a Justiça do Espírito Santo autorizou a realização do aborto, mas grupos religiosos cristãos, tanto católicos quanto evangélicos, teriam passado os últimos dias pressionando a família para desistir dessa ideia.

Neste domingo, o hospital HUCAM, de Vitória, capital do Espírito Santo, anunciou sua decisão de não realizar a intervenção, alegando que a menina já teria 22 semanas de gestação, e que isso contrariava um protocolo da instituição para realização de abortos no máximo até a 15 semana. O Ministério Público suspeita que esta decisão também pode ter sido provocada pela pressão dos grupos fundamentalistas.

No mesmo domingo, a menor foi levada a Recife, onde finalmente conseguiu realizar o aborto. No entanto, horas antes, também foram vistos grupos evangélicos tentando impedir a entrada da equipe médica no hospital, depois hostilizando os médicos, chamando-os de “assassinos”, e até mesmo tentando invadir o edifício para impedir o aborto.

Também houve manifestantes que entoaram gritos ofendendo a menina de 10 anos, e chamando ela de “assassina”.

Finalmente, um grupo de mulheres, do Fórum de Mulheres de Pernambuco, também se reuniu na frente do hospital, e conseguiu que os fundamentalistas deixassem o local.




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