Vereador ignora Duda Salabert e cita outra parlamentar como a mais votada de BH


Em: Política No dia: 3 de janeiro de 2021


A vereadora Duda Salabert (PDT) foi vítima de transfobia durante a cerimônia de posse nesta sexta-feira, 1º, no plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte. No momento em que os parlamentares, já empossados, faziam uso da palavra, o vereador reeleito Wesley Autoescola (PROS) parabenizou outra colega, Professora Marli (PP), como a vereadora mais votada da capital na eleição de novembro.

Duda Salabert, que é transexual, é a vereadora mais votada da história de Belo Horizonte, com 37.613 votos. A vereadora Professora Marli teve 14.496 votos. No ataque a Duda Salabert, que também é professora, Wesley Autoescola, sem citar nomes, disse que, como um dos líderes da bancada evangélica, gostaria de dar um parabéns especial à vereadora “mais bem votada nesta legislatura”.

“Uma professora que realmente tem um legado, deixou um legado muito grande por onde ela passou. Trouxe essa votação que surpreendeu a muitos. Então, quero parabenizar a professora Marli, pelos seus 14.496 votos”, declarou.

Duda Salabert, também ao ter a palavra em plenário, e da mesma forma, sem citar nomes, disse esperar que a Casa não voltasse a aparecer nas páginas policiais dos jornais. Em 2019 e 2020, dois vereadores da cidade chegaram a ser presos. Um por suspeita de corrupção e outro por suposta participação em assassinato.

“Pela primeira vez nessa cidade, uma mulher travesti, transexual é eleita. Estamos fazendo história, sendo a vereadora e professora mais votada da história desse município. Espero que essa Casa não volte a figurar nos jornais nas páginas policiais, porque transfobia é crime e um crime inafiançável”, disse a vereadora. “Espero que nenhum vereador saia dessa casa preso por racismo ou transfobia. Como cristã, como evangélica, me coloco também a serviço da bancada cristã, para gente fazer um exercício daquilo que Cristo nos ensinou, que é o respeito e o amor, e não o ódio, a intolerância e o crime”, acrescentou.

A vereadora decidiu não prestar queixa à polícia. “Acho que o momento é para que as pessoas reflitam sobre suas falas. É preciso usar o espaço da Câmara Municipal para a construção de políticas públicas, e não para reprodução de preconceitos”, disse Duda Salabert à reportagem neste sábado, 2.