Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

Uma questão de tempo


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 25 de outubro de 2022


O crescimento das intenções de voto em Bolsonaro já era esperado, assim como o crescimento da rejeição em Lula e o aumento da aprovação do governo. São vetores que correm congruentes e demonstram que um segundo turno não deixa qualquer margem para tergiversações. Não por acaso, Lula trabalhou muito para demover as candidaturas de Ciro e Tebet. Em vão. Como dito nesta coluna em outra ocasião, a história trabalhava contra o PT por uma vitória no primeiro turno e as demais candidaturas, sabendo disso, apostavam nesse quadro. Acertaram.

Após um constante pacote de bondades que determinaria a redução da inflação em determinados setores da economia, a máquina pública começou a ser usada de modo intenso para fazer crescer o atual presidente. E o bolsonarismo alcançou uma forte estrutura de poder que mantém, aliás, um eixo econômico. São muitos os setores produtivos trabalhando por Bolsonaro e doando para sua campanha.

Entre o boi que passa pelos valores declarados ao TSE e a boiada que atravessa cada canto desse país temos um atual mandatário com chances de continuidade na presidência. Política ainda é feito de forma simples e direta, envolvendo microrrelações. De ponta a ponta temos a tessitura de um elo que vai do vereador, passa pela liderança comunitária e chega no cabo eleitoral. Todos eles remunerados em períodos de eleição.

Está muito claro, por fim, que o tempo trabalha a favor do ex-presidente Lula. Porque essas estruturas que atuam em favor de Bolsonaro não são automáticas. Elas necessitam ser acionadas pelo dinheiro ou pelas relações que o dinheiro estabelece. O TSE e o Ministério Público do Trabalho têm atuado para coibir práticas de coação política no ambiente laboral. Elas cresceram demais nos últimos meses. São diversos patrões forçando seus funcionários a votarem em Jair Bolsonaro, conforme denúncias.

Esse é só um exemplo de como as redes (não apenas na web) se entrelaçam nesse instante e fazem crescer o atual presidente. Até o dia 30 de outubro essas microrrelações podem permitir a Jair Bolsonaro continuar à frente da República. Agora tudo é uma questão de tempo.




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