Bolsonaro e Lula polarizam duas frentes políticas distintas. Possuem parcela da população fiel a seus projetos. Criam um clima tenso no país e, por vezes, violento. Caso um dos dois seja eleito (seus eleitores apostam até a mãe, garantindo que o seu candidato é quem ganha no primeiro turno), essa instabilidade, ataques, pautas travadas, enfim, a política no nível mais baixo possível, vai continuar. É inevitável.

Mas o país vive também uma crise de lideranças. Não há ninguém que, de fato, represente a população como um todo. Ou melhor, o povo não enxerga em ninguém que os partidos políticos apresentam como candidato a representatividade que eles deveriam ter. É aí que surge o tal do “outside”.

Sérgio Moro dispensa apresentações. Fez o que fez, enquanto juiz, sempre sob o discurso de que “nunca entraria para a política. O que era o óbvio, afinal, se declarasse que sonhava em governar o Brasil e, em paralelo, estivesse agindo contra presidentes e ex-presidentes, tudo ia parecer oportunista demais.

Não demorou muito, ele apareceu ministro e, agora, filiado a partido político, lançando sua pré-candidatura a presidente da república. O discurso é bom. Chegou afinado, em um evento super badalado e com megaestrutura. “Chega de mensalão. Chega de petrolão. Chega de rachadinha. Chega de orçamento secreto. Chega de enganar o povo brasileiro”, foi uma das falas de Moro, durante o evento, atacando Lula e Bolsonaro.

Moro tem potencial de crescimento entre o eleitorado. É possível que na próxima pesquisa já figure na terceira posição. Nas ruas, já se escuta comentários do tipo: “entre um doido e um ladrão, melhor votar no Moro”.
A bem da verdade, Bolsonaro não é apenas doido, como dizem alguns. É um incompetente completo e deixou a economia brasileira em frangalhos. Não há nenhum índice em seu governo que seja melhor que anteriores. Se a escolha por Bolsonaro é enfrentar o fantasma do comunismo e não deixar que o PT volte ao poder, o caminho está aí, com alguém que já conseguiu fazê-lo numa canetada só, prendendo Lula, então líder nas pesquisas, tirando-o do caminho eleitoral e que acabou beneficiando, justamente, Bolsonaro.

Moro já derrotou Lula uma vez. O campo de batalha era outro, obviamente. Agora, ambos vão para a luta, teoricamente, com as mesmas condições. O povo que está cansado de Bolsonaro x Lula/PT está com uma oportunidade. Resta saber se Moro saberá conquistar.