Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História
Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 2 de outubro de 2022
Passada a primeira etapa da corrida eleitoral, está muito claro que o segundo turno será decidido pelo fator rejeição. Parece lugar comum repetir isso quando se trata de eleição em segundo turno, algo tão comum no país. É verdade, pois nunca há nada construtivo em campanhas políticas tão polarizadas. O que vimos no primeiro turno foi só um ensaio. De agora em diante as redes sociais vão ser infestadas por discursos que visam debater tudo, menos política.
A estratégia de cada candidato, de tornar o adversário mais rejeitado, terá consequências graves após as eleições, cindindo ainda mais a sociedade brasileira. O reflexo disso será visto no Congresso Nacional, já que senadores e deputados trabalham de olho nas eleições seguintes (já tratamos sobre isso em outras colunas). Mas não só.
Os legisladores também pensam em como levar cargos e emendas para as suas bases aliadas e é nessa hora que os parlamentares podem se tornar arredios ou parceiros. Esse cálculo eleitoral nunca é simples de ser feito, mas tenha por certo: Lula e Bolsonaro já vislumbram as oportunidades e as ameaças para 2023. Ao que tudo indica, o campo para Jair Bolsonaro parece mais bem preparado no Congresso Nacional. O centrão já tem sido predominante no seu governo e a conta já está sendo paga por nós contribuintes.
Todavia Lula costuma trazer no seu currículo uma indiscutível habilidade para negociar com dissidentes. Pela lógica, não vai abandonar alguns daqueles quadros do centrão sempre ávidos por um cargo e uma verba para o seu município; preocupados o tempo todo com a eleição seguinte. Tendo o PT feito a maior bancada de sua história, contando ainda com o apoio das demais agremiações de esquerda é possível crer que Lula pode virar o aparente quadro instável.
A expectativa para o dia 30 de outubro é grande para a população. A impressão que se tem é que uma agonia tomou conta da nossa gente. Ninguém quer ver o seu rejeitado sentado na cadeira presidencial. Mas um dos lados vai ver. É o que os defensores da democracia esperam, por mais que o atual presidente siga reforçando discursos contrários ao resultado das urnas eletrônicas. Pior que ver um oponente na presidência da República é ver emergir a tirania.