Salles fora do governo: veja listas de ataques e desmontes do ex-ministro

Em dois anos e meio de uma gestão marcada por polêmicas e conflitos, desgaste do ex-ministro chegou ao ponto máximo depois que duas operações da PF o ligaram a esquemas de venda de madeira da Amazônia extraída ilegalmente

Publicado por: Agencia de Notícias Em: Política No dia: 24 de junho de 2021


Alvo de investigações que envolvem crimes ambientais, Ricardo Salles demitiu-se ontem do Ministério do Meio Ambiente (MMA). A exoneração do cargo a pedido foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), depois de intenso desgaste provocado pelas operações Handroanthus e Akuanduba, que o ligaram à negociações de madeira extraída ilegalmente da Amazônia. Seu substituto será Joaquim Álvaro Pereira Leite, que já atuava como secretário da Amazônia e Serviços Ambientais no Ministério, descendente de uma tradicional família de fazendeiros de café de São Paulo e que pleiteia um trecho da Terra Indígena Jaraguá (SP).

A trajetória de Salles, porém, foi marcada por conflitos, desgastes e desmontes (veja quadro ao lado). Mas, mesmo assim, ele defendeu sua atuação enquanto ministro e disse que agiu para colocar em prática o projeto de governo escolhido pelas urnas em 2018, que levou Jair Bolsonaro à Presidência. Argumentou, ainda, que a proteção ao setor produtivo e à propriedade privada têm sido “vilipendiadas” ao longo de muitos anos no país e que a agenda nacional precisa ter uma união forte de interesses, anseios e esforços. Também disse que o MMA sofreu duras críticas por adotar uma posição diferente de governos anteriores e negou irregularidades.

Operação da PF

O ponto de ebulição para o desgaste de Salles foi quando vierem à tona os crimes ambientais investigados na Akuanduba, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Endereços ligados ao ex-ministro foram alvo de busca e apreensão em maio. O processo conta com um relatório da Polícia Federal que aponta graves intervenções, intimidação contra servidores, militarização e sucateamento de áreas de fiscalização ligadas ao MMA. As apurações também miram o ex-presidente do Ibama, Eduardo Bim.

No começo do mês, a ministra Cármen Lúcia, do STF, atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizou a abertura de inquérito contra Salles. O ex-ministro é acusado pela PF de tentar atrapalhar a investigação para proteger madeireiros, segundo acusações feitas pelo delegado Alexandre Saraiva. O ministro teria atuado para impedir a fiscalização do Ibama e dos agentes federais sobre a maior apreensão de madeira da história do país.