Projeto do transporte alternativo pode gerar milhares de desempregos em Cachoeiro, diz membro do Sindimotoristas

O projeto é de autoria do vereador João Machado e contestado pela categoria de motoristas

Publicado por: Redação Em: Política No dia: 18 de novembro de 2025


O Projeto de Lei 026/2025 de autoria do vereador João Machado, que trata da regulamentação do transporte alternativo de 5 e 16 passageiros, além do mototáxi, acabou recebendo o veto do prefeito Theodorico Ferraço e, ao que parece, também não agradou quem atua nesse setor. É o que diz o membro do Sindicato dos Motoristas, Ajudantes, Cobradores e Operadores de Máquinas Sobre Pneus do Sul do ES, Sérgio Santos Almeida, o Serjão.

Para ele, a proposta precisa ser debatida com mais clareza e verdade. “Os argumentos utilizados não condizem com a realidade dos fatos. Não há falta de oferta do serviço no município. A gente que vive diariamente nesse mundo sabe que algumas linhas de ônibus trabalham a maior parte do dia deficitárias, sem passageiros. É lógico que nos horários de pico aumenta a procura e alguns ônibus ficam lotados, mas não é algo fora do normal de qualquer cidade do porte de Cachoeiro”, comentou Serjão, diretor do sindmotoristas.

Além disso, ele reforça que, atualmente, as empresas responsáveis pelo transporte público é monitorada e fiscalizada em tempo real, quando o assunto é atraso nos horários. “Se o ônibus sair ou chegar atrasado, a empresa é notificada e pode ser multada. No entanto, muitas vezes, quando isso acontece, a questão é o trânsito e o congestionamento. Se um carro de passeio normal já demora fazer um percurso comum em horário de pico, imagina um ônibus…”, acrescentou.

O ponto maior de preocupação para Serjão está relacionado ao desemprego que essa lei pode acabar gerando. “Hoje, temos cerca de quatro mil pessoas que atuam direta e indiretamente com transporte coletivo em Cachoeiro. São pessoas com carteira assinada, décimo terceiro e toda garantia prevista em lei para o trabalhador. Abrir a cidade para transporte alternativo pode jogar milhares de pessoas no desemprego e informalidade”, alertou.

Serjão também questiona os verdadeiros interesses por trás dessa proposta. “A gente fica sem entender os reais motivos que levam alguém a querer trazer um sistema de transporte alternativo que, sabemos, é problemático em cidades onde hoje existem esse serviço. Muitas vezes, tem milícia envolvida, vira uma guerra por ponto de atuação, sem levar em conta que em caso de acidente, por exemplo, quem vai se responsabilizar?”, questionou.

Para ele, o ideal é debater sobre a melhoria do serviço que é prestado atualmente. “Já avançamos muito em relação ao que era, tanto para os trabalhadores, quanto para os usuários dos serviços. Hoje, tem parte da frota de ônibus com ar-condicionado. Então, se a intenção é melhorar para a população, vamos debater a melhoria do que já está funcionando. E não querer trazer mais problema para nossa cidade. Temos a Agersa para fiscalizar e fazer valer o contrato de concessão. Se ela não está dando conta, vai conseguir fiscalizar milhares de veículos pequenos trabalhando com transporte alternativo? Tenho minhas dúvidas”, pontuou.