Em: Geral No dia: 24 de agosto de 2020
Agentes da Polícia Militar do Rio fecharam na manhã desta segunda-feira, 24, a rua Dias da Rocha, em Copacabana, para a reintegração de posse do imóvel ocupado pela Casa Nem, organização sem fins lucrativos que abriga pessoas LGBTQ em situação de vulnerabilidade. Os cerca de 50 moradores do prédio foram deslocados para uma escola estadual, onde ficarão até que um prédio em Laranjeiras, cedido pela Prefeitura do Rio, fique pronto para recebê-los.
Esta é a segunda vez que a Polícia Militar vai ao local para cumprir uma ordem de despejo contra o grupo, que ocupa o imóvel desde julho do ano passado. A primeira, em julho deste ano, não foi concretizada após protestos de moradores da Casa Nem e ativistas.
De acordo com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, a advogada Letícia Furtado esteve no local durante a ação de reintegração nesta manhã e afirmou que não foi necessário o uso da força pelos agentes da PM.
Procurada pela reportagem, a Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual (CEDS) afirmou que o imóvel reintegrado não pertence à Prefeitura e que procurou os moradores da Casa Nem para oferecer acolhimento na rede municipal de abrigos.
A Casa Nem funciona desde 2016 no Rio de Janeiro e já passou por imóveis na Lapa e em Vila Isabel. Agora, os moradores foram realocados para uma escola cedida pelo Governo do Estado, na rua República do Peru, em Copacabana. A administração estadual também cedeu os caminhões para transporte dos moradores, além de água, alimentação e colchonetes, até que eles sejam transferidos para um local definitivo, que será disponibilizado pela Prefeitura.
De acordo com informações da CEDS, o termo de cessão para que o imóvel em Laranjeiras seja destinado ao projeto só foi pedido na última sexta feira por Indianara Siqueira, coordenadora da Casa Nem.
Ainda na última quinta-feira, 20, o Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro ao trecho de um projeto de lei que impedia despejo de inquilinos decidido por liminar durante a pandemia, até 30 de outubro. O pedido de reintegração de posse foi feito pelos proprietários do prédio, representados pela Iliria Administração de Imóveis e Negócios Ltda, e de acordo com um vídeo publicado por Indianara, teria começado antes das medidas impostas pela covid-19.