PF mira caixa 2 de José Serra de 5 milhõe na eleição de 2014

O ex-ministro José Serra (PSDB), alvo da Lava Jato por suposta lavagem de propina. Foto: Evelson de Freitas / Estadão

Publicado por: Redação Em: Política No dia: 21 de julho de 2020


A Polícia Federal de o Ministério Público Eleitoral de São Paulo deflagraram na manhã desta terça, 21, a operação Paralelo – a terceira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo – para investigar suposto caixa dois de R$ 5 milhões ao ex-governador José Serra (PSDB) na campanha de 2014 ao Senado Federal. O principal alvo da ação é o empresário José Seripieri Jr, fundador e ex-presidente da Qualicorp.

Agentes cumprem quatro mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Itatiba e Itu (SP) e em Brasília (DF). Entre os alvos das buscas na capital federal estão no gabinete e o apartamento funcional de Serra. As ordens foram expedidas pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que também determinou o bloqueio judicial de contas bancárias dos investigados

Segundo a promotoria, o inquérito foi remetido à primeira instância da Justiça Eleitoral de São Paulo pelo Supremo Tribunal Federal em 2019, com a colaboração espontânea de pessoas que teriam sido contratadas em 2014 para estruturar e operacionalizar os pagamentos de caixa dois – ‘efetuados supostamente a mando de acionista controlador de importante grupo empresarial do ramo da comercialização de planos de saúde’.

“Após a formalização de acordos de colaboração premiada, foram desenvolvidas medidas investigativas diversas, como a quebra do sigilo bancário, intercâmbio de informações com o COAF e os testemunhos de pessoas relacionadas aos fatos, tendo sido constatada a existência de fundados indícios do recebimento por José Serra de doações eleitorais não contabilizadas, repassadas por meio de operações financeiras e societárias simuladas, visando assim a ocultar a origem ilícita dos valores recebidos, cujo montante correspondeu à quantia de R$ 5 milhões”, indicou o MP-SP em nota.

A Polícia Federal apontou ainda que a investigação identificou outros pagamentos, ‘em quantias também elevadas e efetuados por grandes empresas, uma delas do setor de nutrição e outra do ramo da construção civil, todos destinados a uma das empresas supostamente utilizadas pelo então candidato para a ocultação do recebimento das doações’. “Tais fatos ocorreram também perto das eleições de 2014 e serão objeto de aprofundamento na fase ostensiva das investigações”, afirmou a corporação.

De acordo com a PF, os investigados podem responder pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.

Denúncia e operação por lavagem de propinas da Odebrecht

No início do mês, o senador José Serra foi alvo de outra ofensiva da Polícia Federal, a Operação Revoada, que investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria beneficiado o ex-governador de São Paulo e atual senador. Simultaneamente, o Ministério Público Federal denunciou o tucano e sua filha, Verônica Allende Serra, pela prática de lavagem de dinheiro transnacional. Segundo a denúncia, Serra, entre 2006 e 2007, ‘valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul.

Segundo a Procuradoria, Serra solicitou, no fim de 2006, propina de R$ 4,5 milhões da Odebrecht e indicou que gostaria de receber o montante não no Brasil, mas no exterior, por meio de offshore disponibilizada pelo empresário José Amaro Pinto Ramos, ‘com quem mantinha amizade há anos’.

A denúncia aponta que a Odebrecht pagou 27,8 milhões. O montante diz respeito aos R$ 4,5 milhões pagos entre 2006 e 2007, ‘supostamente para fazer frente a gastos de suas campanhas ao governo do Estado de São Paulo, e ainda a R$ 23,3 milhões, entre 2009 e 2010, em contrapartida à liberação de créditos junto à Dersa. A denúncia registra o valor atualizado calculado pela Procuradoria apenas com relação às propinas supostamente pagas com relação à Dersa – R$ 191.590.000,00. O caso é apenas mencionado na denúncia apresentada nesta sexta, 3, por ser investigado em um outro procedimento.

Lava Jato Eleitoral

A Polícia Federal destacou que a ofensiva realizada na manhã desta terça, 21, trata-se da terceira fase da operação Lava Jato desde o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal em 2019, que reafirmou a competência da Justiça Eleitoral para avaliar os crimes conexos aos crimes eleitorais.

COM A PALAVRA, FLÁVIA RAHAL, ADVOGADA DE SERRA

A reportagem fez contato com a criminalista Flávia Rahal, que defende o senador José Serra. O espaço está aberto para manifestação.