Pesquisador troca Rio de Janeiro pelo Espírito Santo após desenvolver projeto com células tronco do café em programa da Fapes

Formulação desenvolvida na pesquisa demonstrou eficácia no tratamento de Melasma – afecção da pele caracterizado por manchas. Pesquisador realiza testes no Laboratório

Publicado por: Assessoria de Comunicação Em: Educação No dia: 8 de outubro de 2024


Que o café é uma das principais culturas do Espírito Santo muitos já sabem, mas já imaginou que o produto tão forte no Estado também pode ser bastante útil em outras áreas e com outras finalidades? Foi o que provou o Dr. Victor Paulo Mesquita Aragão, biólogo, que veio do Rio de Janeiro para terras capixabas e realizou um inédito projeto a partir de células-tronco do café visando a sua aplicabilidade na indústria de cosméticos e farmacêutica. A pesquisa científica foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) por meio de parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no Edital CNPq/Fapes nº 11/2019 do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (PDCTR).

Segundo Aragão, que contou com a supervisão do Dr. Marcio Fronza, professor da Universidade de Vila Velha (UVV) e pesquisador do Instituto Capixaba de Ciência e Administração (ICCA), tudo surgiu da ideia de criar um produto totalmente inovador usando uma cultura forte no Espírito Santo, neste caso o café.

“A grande novidade foi usar a biotecnologia vegetal para criar um produto a partir de células-tronco de café, que fosse inédito no Espírito Santo e no mundo. Então, conseguimos desenvolver um produto de uma das riquezas capixabas. Clinicamente, a formulação que nós conseguimos desenvolver durante esse projeto demonstrou eficácia no tratamento do Melasma, que é uma afecção de pele caracterizada por manchas, principalmente na região do rosto”, explicou.

A instituição executora do projeto foi o ICCA, em parceria com a UVV, gerando a oportunidade de fazer um depósito de patente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), servindo, então, como base para o desenvolvimento de produtos cosméticos e farmacêuticos. O trabalho totalmente inédito teve 36 meses de estudos e um valor de cerca de R$ 26,5 mil. Aragão confirma que o projeto acabou mudando totalmente sua trajetória pessoal e profissional, fazendo com que ele fixasse residência no Espírito Santo.

“Foi uma virada de chave na minha vida. Hoje moro aqui em Vila Velha, ainda tenho parcerias com a UVV em orientações, por exemplo. Eu ainda oriento o doutorado, que começou com esse projeto. Então, atualmente, eu sou professor de pós-graduação na UVV, em nível de especialização, tenho três disciplinas ligadas à pós-graduação na universidade. Também sou supervisor de estágio e professor dos Centros Técnicos do Governo do Espírito Santo, que são ligados à Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti)”, contou.

Aragão também fez questão de frisar a importância do Edital da Fapes para o desenvolvimento da pesquisa. “Foi uma imensa satisfação contar com esse apoio. A mudança de estado e, em certo ponto, de linha de pesquisa, me ajudou a crescer ainda mais dentro da biotecnologia vegetal como profissional. Minha participação no projeto como expert em fisiologia vegetal e cultura de tecidos vegetais foi de extrema importância para que não houvesse nenhum problema durante o desenvolvimento do estudo”, concluiu.

Para o diretor-geral da Fapes, Rodrigo Varejão, este case de sucesso vai totalmente ao encontro de um dos grandes objetivos da abertura do Edital da Fapes no Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (PDCTR). “Criar condições para atrair e fixar doutores no Espírito Santo é fundamental para o ganho de maturidade e relevância da nossa pesquisa e do desenvolvimento de produtos e processos inovadores de alto valor agregado. Por isso, ficamos muito satisfeitos em ver o nosso Estado como o destino de profissionais altamente qualificados que se unem aos capixabas nas ações locais de ciência, tecnologia e inovação. A experiência do Dr. Victor Aragão confirma isso, já que ele acabou se fixando no Estado em definitivo, dando prosseguimento a esse e a novos trabalhos de pesquisa”, afirmou.

O que é o Edital PDCTR da Fapes com o CNPq?

O PDCTR é um programa nacional ao qual as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de todo o Brasil podem aderir para ofertar bolsas de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (DCR) para fixação de pesquisadores doutores. No Espírito Santo, por meio do Edital nº 11/2019, 23 pesquisadores do País que estavam fora do mercado de trabalho foram selecionados para receberem as bolsas DCR e desenvolverem pesquisas em território capixaba. Foram disponibilizados aproximadamente R$ 11 milhões para financiar o desenvolvimento dos 23 projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, além das bolsas.




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