Editorial | Papo de quem entende: Entrevista de Casagrande para Ciro é uma aula de gestão


Publicado por: Redação Em: Política No dia: 26 de maio de 2022


Podem taxar o Ciro Gomes do que quiserem. Mas não dá para questionar o seu conhecimento sobre política e administração pública. Conhece como poucos o funcionamento de toda a máquina. E nessa terça-feira, Ciro, durante o seu programa de internet chamado Ciro Games, entrevistou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. O que se viu foi uma aula de gestão, de estadismo, de conversa em alto nível, bem distante dessa politicagem enjoada em que chafurdam os lulistas e bolsonaristas.

Assistir Ciro e Casagrande conversando é alimentar a esperança de que o debate político sobrevive. Longe dessas questões morais, kit gay, de ataques trocados, de troca de ofensas, de quem é mais corrupto que quem, Ciro e Casagrande debatem projetos. Enxergam e trabalham a política como ela deve ser: a ferramenta para transformar as realidades, gerando oportunidades de melhoria de vida das pessoas.

Durante o bate-papo, Ciro e Casagrande falaram de petróleo, Petrobrás, pandemia, meio ambiente, royalties, indústria, eleições, aliança com o PT, economia, enfim, foram do A ao Z, em se tratando de política pública. E uma coisa chamou a atenção: a admiração de Ciro por Casagrande. Apesar de serem de partidos diferentes, Ciro é PDT e Casagrande PSB, Ciro fez questão de ressaltar, mais de uma vez, como o Espírito Santo tem sido um Estado progressista, exemplo para os demais entes federados.

Assistir Ciro enaltecer as questões administrativas do Espírito Santo é uma confirmação para a gente que vive em território capixaba e tem o sentimento de que está tudo bem, mas, às vezes, nem sabe como ou por que. Mas a resposta é simples: o Estado é bem administrado.

Um dos pontos que Ciro fez questão de destacar foi como Renato Casagrande utiliza bem os royalties do Petróleo. Aliás, como poupa esse recurso. Ciro, que já foi Ministro da Fazenda, sabe bem como funciona administrar com pouco dinheiro. Casagrande, como governador, poderia pensar apenas nele e na sua reeleição, pegando todo o recurso dos royalties e despejar em investimentos diversos que, em médio e longo prazo, fariam pouco ou nenhuma diferença na vida do capixaba. Ao invés disso, tem pensado no futuro, guardado o que tem para que as futuras gerações também estejam garantidas, já que o momento permite isso.

Sobre aliança com o PT, Casagrande passa distante do discurso raso e moral. É pragmático, pensa no partido e no futuro do PSB. Sabe que uma federação com os petistas pode prejudicar o PSB lá na frente, por questões de matemática eleitoral. Casagrande entende as necessidades de um político na hora de disputar uma eleição e sabe que seus correligionários encontrariam dificuldade estando coligados com um partido maior que o deles, como é o PT.

A conversa entre Ciro e Casagrande foi uma verdadeira aula sobre empatia, humanidade, gestão, vivência e como pessoas diferentes podem dialogar na busca por convergir ideias que apontem melhores caminhos. O Brasil precisa mais disso.