Basilio Machado
Professor e Jornalista

O legado de Glauber Coelho


Publicado por: Basilio Machado Em: Política No dia: 21 de agosto de 2020


Há exatos seis anos o deputado Glauber Coelho deixou a vida terrena. Lembro-me de quando nos conhecemos, seu pai havia adquirido o jornal Diário Capixaba do qual eu era o editor. Ainda bem jovem, Glauber já vislumbrava um futuro político vitorioso. De temperamento calmo e educado, mas firme em suas posições, perambulava pela redação conversando com os jornalistas, sempre em busca de aprendizado, de tirar daqueles bate-papos algo de útil. Divergíamos muito e convergíamos em alto nível.

Sua predestinação era latente. Logo se elegeu vereador por três mandatos, sendo que no último foi recordista de votos. Nesse ínterim, passou por diversas secretarias municipais, com Ferraço e depois com Valadão, onde fez história no comando da pasta de Saúde e empreendeu diversas inovações. Uma dessas, a entrega do remédio em domicílio, deu-lhe grande projeção. Sem desmerecer os demais, posso afirmar que Glauber foi quem melhor desempenhou a função, depois do saudoso doutor Gilson Carone.

Fico imaginando hoje, com essa pandemia. Tenho certeza que tiraria um coelho da cartola. Era de sua natureza inovar, empreender, alcançar o último degrau sem medir esforço. Essa determinação o levou à Assembleia Legislativa e certamente o colocaria na cadeira de prefeito de Cachoeiro, seu maior sonho. Mas Deus escreve por linhas tortas, por caminhos que são difíceis para nós, simples mortais, compreendermos. Glauber saiu de cena, dando vez ao imponderável.

Passados seis anos, seu irmão, Victor Coelho, chega ao último ano do mandato na Prefeitura de Cachoeiro, com combustível no tanque para continuar no cargo. Victor assumiu claramente e de peito aberto o legado do irmão. Sem experiência na função, ou mesmo na vida pública, de temperamento mais introspectivo, foi construindo sua própria história sem negar a luz do irmão nessa trajetória. Enfrentou a pior enchente da história da cidade, greve da Polícia Militar, e agora a pandemia da Covid-19. Saiu-se bem nesses desafios, ainda que muitos não queiram lhe dar o crédito.

Não sou a pessoa mais indicada para falar de religião, tampouco posso afirmar que existe vida após a morte. Seria muita hipocrisia de minha parte. Posso dizer apenas que, caso Glauber, lá de cima, esteja acompanhando a caminhada do irmão, estaria contente. Feliz por vê-lo firme no cargo e obstinado em fazer o melhor pela cidade, que, apesar de todos os revezes, está mais humanizada, com as contas em dia e muitos projetos para o futuro próximo. Salve, Glauber. Boa sorte, Victor!