Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

O efeito Marina e o risco Ciro


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 5 de agosto de 2022


A história recente do país enterrou uma importante liderança política cuja sina era tentar cessar a polarização (a velha terceira via) que arrastava os votos da população para o PT e o PSDB. Marina Silva obteve, em 2010, quase 20% dos votos válidos. Com quase 20 milhões de eleitores, era de se esperar que a ambientalista pudesse fazer do seu retrospecto positivo uma escalada de sucesso para os seus correligionários. Entretanto, o PV de Marina foi apenas a 11ª bancada, o que não representava grande mudança em comparação com as eleições de 2006.

Em 2014, já no PSB (partido de maior envergadura), Marina conseguiu crescer e alcançou a marca de 21% dos votos. Os pessebistas formaram a 6ª maior bancada, o que não representou uma mudança em relação ao pleito anterior, de 2010. Porém um detalhe: o abandonado PV perdeu quase a metade dos seus deputados federais. Quer dizer que a saída de Marina Silva gerou efeitos danosos para o seu antigo partido, que a catapultou para o estrelato nacional.

Pois bem, na eleição seguinte vocês já sabem: concorrendo pelo terceiro partido diferente (agora Rede Sustentabilidade) Marina Silva não só viu seu eleitorado virar pó (conquistou apenas 1 milhão de votos) como vislumbrou a derrocada da sua mais nova agremiação. A Rede fez apenas 1 deputado federal. 2022 pode representar o fim ou o recomeço da Rede e de Marina Silva.

Essa pequena regressão ao caso Marina Silva, seu sucesso e decadência, serve apenas para pensar sobre o futuro do PDT de Leonel Brizola e do seu atual candidato à terceira via, Ciro Gomes. Historicamente, os pedetistas têm andado alinhados com o PT e têm, com isso, obtido ministérios e bancada federal. A chegada de Ciro estremeceu essa relação. Entre “tapas e tretas” a tendência é que, após o resultado do primeiro turno de 2022, o PDT tenha tantos cacos a colher quanto culpados a buscar. A revoada deve ser enorme. O passado não tão distante da política brasileira nos mostra isso. Tendo rodado por sete agremiações diferentes, não duvide que Ciro Gomes amanheça, numa segunda-feira qualquer do ano de 2023, filiado a um novo partido.




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