Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História
Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 18 de março de 2022
Onde há fumaça há fogo. O bom e velho ditado nunca falha. No instante em que as conversas entre Lula e Alckmin começaram muitas indagações surgiram no ar. Os mais céticos duvidavam do seu definitivo desfecho alegando que o ex-tucano pouco agregaria ao movimento de Lula. Os mais entusiasmados já tratavam o antigo Doutor Geraldo como companheiro Alckmin, aclamando o novo aliado como a mortadela que faltava ao pão.
Fato é que a chapa que se desenha cumpre, ao menos, duas estratégias de Lula do ponto de vista eleitoral: evita que Geraldo Alckmin componha as fileiras de opositores, e fortalece o candidato petista no reduto de São Paulo. Além disso, parece contribuir para um desfecho positivo no que tange ao debate da Federação (ou ao menos de um aliançamento que garanta boas relações nas principais praças do país). Se o companheiro Alckmin parece um peso difícil de ser carregado nas viagens pelo Brasil, em São Paulo há uma crença que o Doutor Geraldo tem voto e inserção nos setores empresariais. E vencer em São Paulo, desde o primeiro turno, é a senha quase definitiva para que a faixa presidencial seja colocada no peito.
Lula também entende que o nome de Alckmin pode garantir governabilidade. Se em 2002 o empresário José Alencar representava uma espécie de equilíbrio ante aos velhos fantasmas eleitorais que relacionavam o nome de Luis Inácio ao comunismo, agora, vinte anos depois, o personagem Geraldo Alckmin surge enquanto um pretoriano capaz de resguardar o centro do poder político. Se a eleição confirmar a vitória dessa dupla não será espanto algum se o agora pessebista Alckmin assumir uma importante função na coordenação política.
As próximas semanas prometem uma movimentação muito intensa da dupla e o noticiário deve acompanhar os efeitos dessa decisão com olhares atentos. Isso porque há um legítimo movimento dentro do PT que segue questionando a validade e os bônus advindos dessa união. Por outro lado, Lula continua conduzindo as articulações com mão forte e uma ideia fixa na cabeça: para derrotar Bolsonaro é preciso unir todos ao redor de mim. Se eu não o fizer, outros o farão. Simples assim.