Diego Rocha
Advogado Criminalista e Consultor Jurídico
Publicado por: Diego Rocha Em: Colunistas No dia: 21 de janeiro de 2021
Todos nós temos lembranças dos tempos da escola, na infância e adolescência, mas também na juventude na universidade, quando nossos professores nos mandavam fazer aqueles complexos trabalhos em grupo. Muitos desses trabalhos exigiam certo esforço comum como pesquisas, confecção do trabalho (até a capa).
Antes da popularização do computador pessoal e da internet, os trabalhos eram feitos sempre à mão, os alunos se reuniam nas bibliotecas das escolas ou em bibliotecas públicas. Por vezes, para a conclusão do trabalho, eram necessários mais de um encontro, e os alunos dividiam as etapas, de modo que todos pudessem contribuir de algum modo. Um separava a bibliografia, outros se revezavam na escrita, outro fazia a capa, a contracapa, o sumário, a conclusão, a revisão, a adequação da bibliografia dentro das normas técnicas, e assim, o trabalho artesanal feito por várias mãos ia sendo construído, até que, finalmente, a íntegra do trabalho estava concluída!
Faltava um único detalhe, colocar os nomes de todos os membros do grupo e receber os louros pelo trabalho bem feito. E, neste momento, sempre surgia “O COLEGUINHA”.
O coleguinha era aquele cidadão que não participava de nenhuma das etapas da confecção do trabalho. Nem do grupo ele era, ou, às vezes, era o ausente em todas as atividades. Enquanto uns trabalhavam, o coleguinha estava em casa, às vezes na rua, ou na praia, ou mesmo, zombando da “burrice” de quem estava ali, fazendo o trabalho, enquanto ele, “o esperto”, estava só curtindo. O coleguinha chegava ao ponto de dizer que ele não faria e nem precisaria do trabalho que estava em construção, até que, após o trabalho estar feito e concluído, ele aparecia pedindo ajuda, clemência e implorando para que incluíssem o seu nome.
O grupo se reunia para decidir se incluiriam o nome do coleguinha no trabalho. Sempre se perguntavam : se fosse ele que tivesse feito, colocaria o nosso nome? A resposta era quase sempre, “não”, pois ele gosta de receber os louros sozinho. Mas no final, seu nome era sempre aceito e, aquele que nada fez, quando recebia a nota, bradava para todos que o trabalho era de todos, e não somente de um pequeno grupo, e assim, o coleguinha recebia as honras e os benefícios pelo trabalho alheio.
Nestes tempos de pandemia, no Brasil, temos o grupo – cientistas, estudiosos, especialistas e algumas pessoas públicas – que luta, trabalha para desenvolver soluções, e temos o coleguinha, que quer o tempo todo ser exaltado e louvado, quer massagem no ego, passear nas praias e motos aquáticas, quer criticar quem faz e quem trabalha, mas no final quer que o seu nome seja incluso no resultado, para assim, receber as glórias pelo trabalho alheio.