Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

O cerco à terceira via


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 27 de março de 2022


Nesta semana saiu mais uma rodada da pesquisa eleitoral para presidente 2022. Tanto o Datafolha quanto o Ipespe (sob encomenda da XP Investimentos) mostraram cenários idênticos. Lula segue na frente, mas a diferença para Jair Bolsonaro caiu. Ainda existe muita corrida pela frente, todavia a tradição pós-1985 acaba impondo uma realidade difícil de ser modificada, o que impede o surgimento em definitivo de uma outra via eleitoral. Estando no páreo um presidente com base social firme e um outro ex-presidente com recall, a tarefa dos que pretendem surgir como alternativa passa longe do modo “easy”. O que farão Sérgio Moro e Ciro Gomes quando o inverno chegar com a ausência dos dois dígitos?

Conforme os números, a completa união da tal terceira via possibilitaria um crescimento desse projeto. Até que ponto, ainda não se sabe. No entanto (o que é certo e já conversado por aqui em outra ocasião) como unir propostas que se baseiam em personalismos? Quem aqui acredita que a unidade entre Ciro, Dória, Tebet, Leite, Janone e Moro traria consigo algo muito além do retrato de apenas 1 deles no site do TSE? Eis o nó dessa união: todos esses personagens querem a mesma coisa, a cabeça de chapa, inviabilizando qualquer alternativa para a disputa.

Dadas as circunstâncias, alguns nomes devem sair da corrida eleitoral quando outras negociações envolvendo os Estados e as proporcionais se resolverem, mas esses nomes tendem a ser os que correm muito por fora no páreo. É inimaginável, nessa altura, que Ciro Gomes ou mesmo Sérgio Moro abandonem suas pré-candidaturas e se disponham a construir outros candidatos como Lula ou Bolsonaro. Por outro lado, é também difícil imaginar que tais candidaturas tragam qualquer novidade ao cenário presidencial de 2022. Distantes de Lula e Bolsonaro, Ciro e Moro, respectivamente, tenderiam a ser meros figurantes num segundo turno onde suas votações inexpressivas evidenciariam suas teimosias (atitude essa que a política não tolera).

As próximas pesquisas, nos meses que virão, talvez os faça sair da letargia. Não porque haverá tamanha reviravolta nos números. Creio mesmo que a chamada terceira via terá que se ajustar em discurso e ajuntar os distantes para ter sobrevida eleitoral. Porém, do jeito que a coisa vai, acho que Moro, Ciro, Tebet, Dória et caterva crêem mesmo que a corrida de 2022 já está sendo decidida entre Lula e Bolsonaro e eles estão se preparando mesmo para 2026.




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