Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

No mato sem cachorro


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 23 de setembro de 2022


A chegada de Jair Bolsonaro à presidência em 2018 já causou muitíssimos abalos à estrutura republicana brasileira. São incontáveis os retrocessos, especialmente para as instituições que foram aparelhadas e servem para blindar o sobrenome Bolsonaro. Os exemplos vão da Procuradoria Geral da República (PGR) à Polícia Federal (PF), mas não param por aí. O que está para ocorrer em 2022 tende a ser algo ainda pior. Pelas reiteradas falas, é preciso considerar que o presidente não está blefando quando usa de violência verbal para tratar os seus opositores ou aqueles que prospectam a sua derrota eleitoral.

No ditado popular, cachorro que late não morde. Desse modo, muitos analistas, juristas, jornalistas e políticos têm tratado Jair Bolsonaro apenas como uma espécie de falastrão (por mais que sua conduta desde os tempos do Exército denunciem o seu ímpeto disruptivo). Mas a verdade é que a democracia corre sério risco já no dia dois de outubro. Os já reincidentes casos de violência política podem se multiplicar na medida em que as pesquisas eleitorais confirmem a vitória do ex-presidente Lula.

No mundo de Jair Bolsonaro, qualquer coisa que não seja a sua vitória deve ser considerada “anormalidade dentro do TSE”. Na sanha de atacar as urnas eletrônicas, as mesmas que o fizeram deputado federal por quase 30 anos, o seu discurso deve motivar ações problemáticas logo nas primeiras horas do dia dois, aumentando a tensão em cada canto do país. Amedrontados, muitos cidadãos devem evitar sair de casa, o que tende a gerar mais abstenções. O clima de caos favorece o atual presidente e sua tropa.

Negando praticamente todos os institutos de pesquisa (ressalvados aqueles que têm recebido algum recurso do governo para inflar os números pró-Jair Bolsonaro) o mandatário do executivo federal reitera que só aceita a sua reeleição no primeiro turno. E quem o confrontará, caso seu prognóstico não se confirme? Há disposição nas Forças Armadas para garantia da legalidade? As Polícias Militares estarão a postos para conter um possível levante bolsonarista ou serão o seu suporte? Há muitas questões no ar. Jair Bolsonaro trabalha com a confusão, pois ela o favorece mesmo que as urnas afirmem o contrário. Estamos no mato sem cachorro.




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