Na América Latina, só Brasil e Venezuela ainda defendem uso da cloroquina

Levantamento mostra que demais países da região não recomendam medicamento para tratar vírus

Publicado por: Agencia de Notícias Em: Sem categoria No dia: 8 de maio de 2021


Com exceção de Brasil e Venezuela, evidências científicas levaram os demais países da região (governos e sociedades médicas) a não recomendar a utilização de cloroquina em tratamentos para a Covid-19. Levantamento realizado pelo assessor de cooperação para América Latina do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris) da Fiocruz, Sebastián Tobar, mostra que apenas os governos de Jair Bolsonaro e Nicolás Maduro mantiveram postura favorável ao uso da cloroquina, embora o Ministério da Saúde brasileiro tenha retirado o medicamento do protocolo para casos leves, moderados e graves da doença, em 22 de abril passado.

No caso da Venezuela, confirma Tobar, o Comitê Terapêutico Nacional do país se reuniu em maio de 2020 para analisar estudos acadêmicos e optou por manter o uso de cloroquina, com notificação obrigatória de efeitos adversos. Como Bolsonaro, o presidente venezuelano defendeu publicamente a cloroquina e impulsionou sua produção em laboratórios locais.

O medicamento chegou a ser usado com aval oficial em outros países da região, entre eles o Peru, mas foi abandonado. O país foi um dos últimos a modificar seus protocolos e estratégia de combate à doença, em março, depois de o Ministério da Saúde local ter distribuído os chamados “pacotes Covid”, com caixas de cloroquina e ivermectina.

Há inúmeros estudos médicos apontando a ineficácia de ambos os medicamentos em casos de Covid-19 e, mais grave ainda, confirmando eventuais efeitos colaterais negativos. Com esse pano de fundo, a promoção e recomendação da cloroquina por parte do Ministério da Saúde e do próprio Bolsonaro tem ocupado o centro da cena nos debates da CPI da Covid, no Senado. Um abaixo-assinado on-line que pede ao Conselho Federal de Medicina (CFM) que condene o tratamento precoce para a doença, utilizando medicamentos como a cloroquina, já tem 51.840 assinaturas.

O Brasil, nas palavras do especialista em Fisiologia e Medicina do Exercício Claudio Gil Araújo, é uma “jabuticaba podre”, e o CFM “não pode ficar omisso perante algo tão arriscado”. Se a disputa global de defensores e detratores da cloroquina entre pesquisadores da área da saúde fosse um jogo de futebol, diz Gil — que é também diretor de pesquisa e educação da Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex) e tem se dedicado a pacientes com síndrome pós-Covid —, seria uma goleada de 7 a 1”.