Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História
Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 1 de abril de 2022
Tal qual prospectamos na última sexta, iniciamos o mês de abril com duas notícias que demonstram confusão e tentativa de reaglutinação de forças para a corrida presidencial. Sérgio Moro (ex-Podemos) e João Dória (PSDB) parecem aceitar o fato de que as suas candidaturas não vão decolar. Se por um lado Dória ainda procura fazer do seu jogo errático uma moeda de valor duvidoso para trocas posteriores, Moro nem pensou duas vezes: mudou de agremiação (ele mal entrou!) e vai para a disputa na Câmara pelo União Brasil. Quer dizer, ter mandato a qualquer custo se tornou mais importante que construir um projeto político para a disputa majoritária.
Até a definitiva confirmação das candidaturas muita coisa deve mudar. Ou nada, como parece bem provável. Moro, inclusive, sugere que a sua desistência é fruto de uma ocasião e que a conjuntura pode trazê-lo de volta ao páreo. Creio que não, mas vai saber. Existem coisas demais entre o céu e a terra, tanto é que a minha parca filosofia nem pode imaginar.
As águas de março que fecham o verão parecem ter caído como um dilúvio em São Paulo. Foi nessa que João Dória se viu bastante espremido pelo desafeto Eduardo Leite. Não foram poucas as lideranças que passaram a sugerir uma imediata troca do ex-governador de São Paulo pelo agora ex-governador do Rio Grande do Sul. A ideia é que os tucanos não podem ficar sem pré-candidato. Como um bom jogador de truco, Dória resolveu manter a aposta, mas jogou encoberto. Talvez a jogada confunda mais o parceiro de mesa que a dupla adversária.
No meio de todo esse rebosteio sobrou até para o presidenciável Ciro Gomes (PDT) responder o que não lhe perguntaram: “muitos vão ceder, mas não serei eu”, anunciou nas redes sociais. Essa, certamente, Freud explicaria. Com as pesquisas mostrando um Ciro definhando, pressionado por setores dentro do próprio PDT que preferem desde já negociar um quinhão com Lula, ele já deixou entrever que sua candidatura pode sair da disputa, porém, será pelas mãos dos caciques pedetistas. Convenhamos: nessa matemática, a ordem dos fatores segue mantendo o resultado inalterado.