Médico de Cachoeiro explica como a miopia virou a nova epidemia das crianças


Publicado por: Redação Em: Saúde No dia: 30 de maio de 2023


O último dia 5 ficou marcado pelo fim da emergência sanitária da pandemia de Covid-19, que estava em vigor desde 30 de janeiro de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas, as marcas que ela deixou, para além das vítimas que fez, precisarão ser tratadas por muitos anos. Entre elas está o aumento da incidência de miopia entre crianças, causada pelo uso excessivo de telas digitais, como tablets, celulares, videogames e televisão, comportamento típico potencializado nos dois últimos anos.

A constatação da causa é da Academia Americana de Oftalmologia (AAO), que estimou que em 2050 metade da população mundial terá miopia, que, de acordo com o oftalmologista da Unimed Sul Capixaba Patrick Vivas Bitencourt, é um distúrbio visual em que o paciente é capaz de ver objetos próximos com clareza, mas tem dificuldade em enxergar com nitidez objetos distantes. Isso ocorre porque a imagem é formada na frente da retina, em vez de na própria retina e, quanto maior o tamanho do olho, chamado de comprimento axial, maior é a chance de a criança desenvolver a doença.

“Os pais devem levar seus filhos para uma avaliação oftalmológica logo no primeiro ano de vida e, após, realizar consultas regulares a cada ano. É durante essa fase que a visão está em pleno desenvolvimento e é crucial identificar e tratar quaisquer problemas oculares precocemente. A miopia pode ser controlada com a intervenção correta e, em uma pequena porcentagem dos pacientes, ela progride e está associada a risco aumentado de catarata, glaucoma, descolamento de retina e estrabismo”, aponta o especialista.

Para tentar minimizar o problema, a Sociedade Brasileira Oftalmologia Pediátrica (SBOP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) indicaram o que seria uma orientação para os pais: além de estimularem os filhos a olharem sempre para o horizonte ou objetos distantes, a exposição a telas deve seguir alguns critérios, que incluem nenhum acesso até os dois anos de idade, até uma hora por dia até os cinco e, a partir de seis, duas horas por dia.

“De acordo com a Sociedade Mundial de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo o uso de lentes corretivas, seja óculos ou lente de contato, reduz a progressão da miopia. Além disso, estudos com crianças entre seis e oito anos confinadas durante a pandemia mostraram um aumento significativo da miopia e a recomendação é de pelo menos duas horas por dia de exposição ao ambiente externo para crianças. As tarefas de perto, com uma distância menor que 20 cm dos olhos, mostrou ser fator de risco para miopia. Este é mais um indício para que os pais optem por telas de TV ou projetores em vez de celulares ou tablets, além disso, desencorajar leitura em ambientes com pouca luz, principalmente à noite quando a criança está na cama”, orienta o especialista.

 

Uma luz para crianças

De acordo com o oftalmologista da Unimed Sul Capixaba Patrick Vivas Bitencourt, a predisposição genética é um fator predominante para que uma criança tenha ou não miopia. No entanto, é possível tomar medidas comportamentais para impedir o agravamento do grau ou tratar logo que identifique o distúrbio.

“Após os 13 anos de idade, a visão já está totalmente desenvolvida, então, além de estimular o olhar para o horizonte e evitar o uso frequente de telas na infância, os pais com filhos já identificados com miopia podem recorrer à medicina para iniciar tratamentos e frear o seu desenvolvimento”, reforça.

A prescrição de óculos com lentes específicas para corrigir cada grau ainda é o tratamento mais comum para crianças, exceto em casos raros e extremamente graves, que necessitam de cirurgia.