Juros fecham em queda com IPCA, queda no volume de serviços e exterior


Em: Economia No dia: 10 de julho de 2020


O IPCA de junho abaixo da mediana das estimativas e o bom desempenho dos mercados internacionais garantiram um dia de queda para os juros futuros nesta sexta-feira. As taxas fecharam de forma mais consistente nos vértices intermediários, que têm concentrado a liquidez nos últimos meses e onde o mercado considera que há mais conforto para se operar. A ponta curta recuou com o índice de inflação e também com a inesperada queda no volume de serviços prestados em maio, equilibrando novamente o quadro de apostas para a Selic.

O mercado recolocou fichas na previsão de corte de 0,25 ponto porcentual em agosto, estancando o processo de avanço da percepção de manutenção com base em declarações mais otimistas do Banco Central sobre a retomada da economia e em dados de atividade melhores que o previsto. Ainda assim, houve espaço para alívio na ponta longa, diante do apetite pelo risco no exterior traduzido pela força das Bolsas e avanço do rendimento da T-Note de dez anos.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou na mínima de 2,065%, ante 2,120% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa em 3,02%, de 3,103% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa a 6,37%, de 6,433%.

O IPCA e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) já definiram a rota de baixa para os juros desde o começo da sessão, mas as mínimas foram atingidas no período da tarde, na medida em que o mercado externo se firmava no modo “risk on” e quando as Bolsas ampliavam os ganhos, com o Ibovespa aqui alcançando novamente os 100 mil pontos.

De todo modo, a agenda da manhã foi o “que fez” preço realmente na curva, com mercado preparado para um IPCA mais forte do que os efetivos 0,26% – a mediana das previsões era de 0,30%. Segundo o economista-chefe da Parallaxis Investimentos, Rafael Leão, os dados melhores de atividade e o discursos de membros do BC vinham endossando a ideia de manutenção da Selic, mas o índice de inflação e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) frearam um pouco tal percepção. O volume de serviços em maio caiu 0,9% ante abril, número abaixo do piso das estimativas (+2,9%).

Como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, havia alertado que a decisão sobre mais um corte residual de juros depende de se entender o impacto da retomada econômica na inflação, esse mix de indicadores encorajou algumas apostas na queda nesta sexta-feira. Segundo cálculos do Haitong Banco de Investimentos, a curva projetava no fim do dia 44% de chance de queda da Selic em agosto para 2% e 56% de chance de manutenção nos 2,25%. Ontem, eram cerca de 70% de probabilidade de Selic estável contra 30% de probabilidade de queda.

Contato: denise.abarca@estadao.com