Pedro Galoza
Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul
Mestre em Ciências da Religião pelo Mackenzie
Professor de MBA para desenvolvimento de líderes.
Publicado por: Pedro Galoza Em: Colunistas No dia: 23 de junho de 2020
E lá se foram mais de 90 dias de uma rotina completamente alterada na maioria das famílias do Brasil e do mundo.
Em ocasião da pandemia do COVID-19, da noite para o dia, esvaziamos as ruas, os escritórios, os shoppings, restaurantes e praias, para um tempo de quarentena. Na prática isso significa dias isolados em nossas casas e apartamentos.
Nesse tempo, passamos por algumas fases. Primeiro veio a fase da adaptação de novas rotinas e, das agendas dentro de casa. Por alguns dias, a sensação era de que estávamos improvisando em tudo: trabalho, atividades escolares das crianças, manutenção da casa, etc. Mas ao mesmo tempo, nos entusiasmamos com a vida completamente online, cursos, lives, palestras, até que, veio a fase da saturação. A novidade da vida 100% online começou a dar lugar a saturação. Eu acredito que nesse momento, questões pessoais e familiares começaram a emergir. Foi aí que, nos deparamos com muitos desencontros no ambiente de casa.
A psicóloga Ana Canosa, falando sobre o estresse do isolamento, disse: “A pandemia é, de modo geral, um fator estressante, que ativa ansiedades e amplifica nossas dificuldades ou necessidades.” Isso é um fato. Tudo em nós está amplificado, o que acaba gerando muitos conflitos e desencontros. Mas como solucionar esse problema crescente em nossos dias?
Solucionar o problema do desencontro pode ter alguns paradigmas. Cito dois. Primeiro, o Paradigma da Amargura e do Rompimento. Eu diria que, esse é o paradigma tido como natural, comum e, até mesmo valorizado, uma vez que, as relações se desgastaram em meio a tudo que estamos vivendo. Esse paradigma tem crescido, é o senso comum. Tem crescido o número de divórcios em todo o mundo após o tempo de isolamento. Filhos rompendo com os pais, irmãos sem se falar, etc.
Mas, quero fazer você refletir sobre um outro paradigma que, chamo de Paradigma do Amadurecimento e Reencontro. Imagine se, esse momento de quarentena servir como uma Temporada de Reencontros em sua família? É possível! Como? À partir da Empatia. Mas o que é empatia? Numa definição comum, empatia é sentir a dor do outro. Não gosto dessa definição. A vejo como rasa e pouco prática. Posso chorar com uma pessoa que acaba de perder um ente querido, mas isso não significa que eu esteja sentindo a dor daquela pessoa. Agora, acredito que, podemos fazer o exercício de intencionalmente olhar para o outro e, antes de reagir frente a uma determinada ação, me interessar a entender o que está por detrás daquela ação. O exercício da empatia me faz olhar para o outro, com suas demandas, fragilidades e necessidades, e não apenas pra mim mesmo.
O exercício da empatia pode ser praticado. Não digo que ele é o caminho mais rápido e, nem mesmo o mais fácil de ser trilhado, mas, sem dúvida, é o que nos aproxima mais do amadurecimento do que da amargura.
Isolamento, desencontros e reencontros. Tome o caminho dos reencontros. Afinal, ser humano é ser além de si mesmo, é partilhar, é transcender.