Dia da Independência é pano de fundo para apoio a Bolsonaro nas manifestações do dia 7

Arte gráfica da campanha do Shopping Sul, em Cachoeiro de Itapemirim

Publicado por: Redação Em: Política No dia: 6 de setembro de 2021


Infelizmente, as cores do Brasil estão sendo associadas a um movimento político. O verde e o amarelo foram apossados por grupos ditos de direita e acabaram criando a identidade de uma parte da sociedade que está longe de representar toda a diversidade do povo brasileiro. A bandeira do Brasil que deveria ser sinônimo de orgulho para todos, agora, sinaliza apoio a uma pessoa: Jair Bolsonaro.

Na onda do Feriado da Independência, muitos comerciantes estão aproveitando para mostrar que apoiam as manifestações convocadas por Bolsonaro para a terça-feira, decorando vitrines, balcões, interiores de lojas e fachadas, com o verde amarelo, sob o pretexto do 7 de setembro, mas que, na verdade, servem como marcação de território e um recado para quem passa por seus estabelecimentos.

Em Cachoeiro de Itapemirim, por exemplo, o Shopping Sul lançou uma campanha um tanto quanto suspeita. Com a porta de entrada do shopping toda decorada com balões nas cores da bandeira, está em curso a “Semana do Brasil”, que vai dar descontos especiais e termina no dia 15 de setembro. É curioso que um complexo comercial do tamanho que é o Shopping Sul não tenha tido o cuidado de avaliar se essa proposta poderia ou não associar o local com o movimento bolsonarista. É por isso que tudo leva a crer que, sim, a intenção era essa mesmo. E aí, vai para o risco. Afinal, Bolsonaro derrete e a cada dia que passa tem menos apoio da população.

Quem também partiu para essa linha foi o Supermercado Perim, em Vitória. Segundo o ex-senador Magno Malta, em publicação feita nas suas redes sociais, as decorações com as bandeiras do Brasil são sinal de patriotismo. Magno é um ferrenho apoiador de Bolsonaro.

No meio disso tudo, há quem deseja apenas incrementar a renda. E não por acaso, os comércios de calçada de Cachoeiro investiram em itens verde e amarelo, para garantir que quem vá para as ruas no dia 7 esteja devidamente a caráter.
O jornal Estado de São Paulo trouxe uma reportagem nesse final de semana com a seguinte manchete: Nas redes, mobilização para o 7 de Setembro não fura a ‘bolha’, apresentando números que apontam a baixa adesão dos internautas para o ato no feriado.

Quem também ocupou as manchetes dos jornais nesse final de semana foi Luciano Hang, da Havan. Hang foi aconselhado por executivos da Havan a descolar sua imagem da de Jair Bolsonaro. Hang tem em mãos pesquisas contratadas por ele que apontam queda cada vez mais acentuada do presidente. O fato de ter sido ele a contratar gerou ainda mais preocupação na cúpula da Havan, pela certeza de que os números não são fraudados, suspeita que Bolsonaro gosta de levantar contra pesquisas de outros institutos. Mas Hang não se mobilizou. Tem dito que seguirá com Bolsonaro até o fim. Mesmo que o fim seja a derrota.

Enquanto isso, alguns comerciantes dobram a aposta, deslegitimando pesquisas, aderindo a cada semana a uma nova narrativa imposta pelo núcleo bolsonarista, atacando o judiciário, a imprensa, enfim, subindo o tom do debate e colocando até os negócios em risco, já que a população, de maneira geral, não quer saber de briga política e pode acabar evitando estabelecimentos que estejam interessados em falar sobre isso, ao invés de apenas vender produtos e serviços.