“Evento teste” com show nacional em Cachoeiro só pode ser brincadeira de mau gosto


Publicado por: Redação Em: Editorial No dia: 30 de setembro de 2021


Cachoeiro registrou essa semana a morte de um adolescente de 17 anos, vítima de covid-19. Se isso não é motivo para nos alertar de que a pandemia ainda não acabou, não se sabe mais o que pode ser. O setor de eventos vem sofrendo como nenhum outro os efeitos econômicos desse momento, mas é preciso ter calma, bom senso e, principalmente, sensibilidade e empatia. Ainda tem gente morrendo. E não são apenas números frios, vazios.

Eis que surge em Cachoeiro de Itapemirim a ideia de fazer o tal “evento teste”. Ora, o Governo do Estado do Espírito Santo já liberou eventos para até 600 pessoas, com todas as regras estabelecidas. Mas a sede por dinheiro parece ser maior do que pela vida. Querem agora trazer Marília Mendonça para fazer o tal teste. O que desejam com isso? Colocar 10 mil pessoas expostas e seja o que Deus quiser?

A prefeitura de Cachoeiro enfrentou o desafio de adotar medidas antipáticas durante toda a pandemia, sofrendo desgaste enorme com o setor empresarial, mas mantendo-se firme ao que orientavam as autoridades mundiais em Saúde, impondo medidas restritivas que fizeram todo mundo sofrer economicamente, no entanto, preservando as vidas para que, agora, durante essa retomada, estejam todos com saúde para se reerguer e voltar aos poucos às atividades.

Fazer evento teste que ultrapasse o limite de público já autorizado pelo Governo do Estado é desprezar todo esforço feito até o momento, é ignorar solenemente o que orientam as autoridades em saúde, é contrariar tudo o que foi e ainda é dito sobre aglomerações, é agir com indiferença com todas as famílias enlutadas, é jogar pessoas à própria sorte, ainda que paguem com as suas vidas.

O mais triste é ouvir organizadores de evento dizendo que seguirão as medidas de distanciamento e todas as demais, quando se sabe que nada disso é observado.
Show nacional em Cachoeiro nesse momento só pode ser uma brincadeira de mau gosto. Ainda mais em uma cidade majoritariamente bolsonarista, antivacina e que por inúmeras vezes deu demonstrações de que preferem morrer a usar máscara.