ENTREVISTA: Presidente da ALES fala sobre PODEMOS, Prefeito de Itapemirim, Gestão e muito mais

A entrevista abordou temas do mercado politico e a nova forma de gestão na Assembléia Legislativa do ES

Publicado por: Redação Em: Política No dia: 20 de março de 2023


Os sites Radar 365 e Atenas Notícias entrevistaram o presidente recém eleito da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Marcelo Santos (Podemos). Bem a vontade na sala da presidência, o deputado estadual de Cariacica, mas que obteve voto em todos os municípios do estado, contou sobre os bastidores que o tornaram presidente.

Marcelo ainda disse como pretende conduzir os trabalhos na Casa, ajudando os municípios capixabas, além do projeto de chegar à esfera federal, uma vez que essa foi sua última disputa estadual.

A sua relação com seu partido, o Podemos, e a geopolítica capixaba também foram assuntos tratados. Marcelo ainda comentou sobre os prefeitos Dr. Antônio, de Itapemirim, e Dorlei Fontão, de Presidente Kennedy, a quem chamou de “grande amigo”. Segue.

1 – Vamos falar primeiro sobre a eleição da Mesa Diretora. O mercado político, em si, não o tinha como primeira opção do Governo. Falava-se em Thiago Hoffman…João Coser… depois parecia se consolidar o Vandinho, até o momento que o Governo se posicionou de maneira mais contundente. Em que momento que a chave virou?
Marcelo Santos – Na verdade, o diferencial de uma eleição, externa quanto interna, é essa… a externa você pode especular porque você está no meio da sociedade. A externa você consegue conversar. Você vai na população e pesquisa. Então, você consegue tirar um extrato mais apurado de um possível resultado de eleição. Na interna, ela se limita a 30 cabeças, e não tem pesquisa eleitoral para apontar uma suposta eleição. Então, há especulação. E a especulação pode ir para um lado e para o outro. Como não é uma corrida eleitoral que você faz 10 anos à mil, como na música de Rita Lee, são mil anos a dez. Eu fiz o meu caminho dentro da velocidade permitida para que no final eu pudesse acelerar. Então nós estávamos ali com 6 nomes colocados. Era eu, Vandinho, João Coser, Thiago Hoffman, o deputado Dari e o deputado Chambinho. Então o deputado Chambinho foi o primeiro que desistiu de disputar.

Acabou conversando comigo na possibilidade de estarmos marchando juntos. Depois outros nomes vieram declinando. Aí veio o deputado Joao Coser. Aí ficamos eu, Dari, Vadinho e o Thiago. O deputado Thiago declinou, e ao declinar e apontar para nossa candidatura, automaticamente a candidatura do Dari também declina por osmose. Ficamos eu o Vandinho. E, naturalmente, o Governador, não fazendo aqui qualquer descriminação a qualquer deputado, ele fez uma avaliação de tempo. Por que a estrada tem um peso muito grande na relação que você tem. O meu tempo de estrada com o Governador Renato Casagrande é muito grande, que não começou apenas com ele como Governador. Já o acompanho desde o primeiro mandato como senador. E a gente já tem uma relação política antes mesmo do mandato de senador.

Então esse tempo todo e a relação que a gente teve dentro do plenário e fora do plenário foram ingredientes importantes para que ele pudesse formar juízo e decidir indicando para a base que o nome melhor para o Governo, nesse momento, dessa legislatura, era o meu. Sem desmerecimento ao nome do Vandinho. E aí pesou a minha experiência já de 6 mandatos sem nenhuma interrupção. Também a minha experiência na vice-presidência que me deu uma condição de enxergar mais e melhor a gestão da Casa e conseguir imprimir aqui muita coisa legal, como a Assembleia digital, o Revisa Ales que revisou as normas, gerando estabilidade jurídica aqui no Estado, a eliminação dos papeis, a economia de 12 milhões de reais. E muitas outras ações que conseguimos imprimir aqui. Isso tudo pesou na decisão dele. O tempo que percorremos juntos nessa estrada da vida. A minha experiência no Plenário…

2 – … Além disso, a decisão de não disputar mais a reeleição…
Marcelo Santos – Sim, a decisão de não disputar mais a eleição na casa legislativa estadual e, sim, estender para Brasília, que é o meu projeto principal, que é de disputar a Câmara Federal. A minha relação do entorno da Assembleia e do Governo também faz uma sinergia muito grande com ele. O candidato dele a prefeito de Vila Velha, à reeleição é Arnaldinho, em Cariacica é o Euclério, em Viana é o Anderson Bueno, na Serra é Vidigal. Então a gente tem, praticamente, a mesma composição de aliança, não toda, mas 80% no mesmo caminho que ele, ou seja, a gente não destoa na relação política. E isso é também um ingrediente importante pra gente poder selar o que houve, que foi a convergência com meu nome. Então ele indicou meu nome pra base, a base tem uma relação estreita comigo, os deputados que permaneceram na casa, e os novatos, grande parte deles, eu também mantive uma boa relação com eles. Isso acabou convergindo e aí quero aqui também dizer da importância da decisão do Vandinho e da sensibilidade política dele que teve o desprendimento de declinar da postulação dele de presidente, e apoia o nosso nome. E aí fizemos uma composição, que eu entendo que é muito bacana. Você tem aí partidos de Centro, partidos de Direita e partidos de Esquerda compondo essa Mesa. Que eu acredito que é o reflexo do Plenário. A composição da nossa Mesa não é acordo de quem perdeu e de quem ganhou, eu não considero isso, ela é um reflexo direto da composição do Plenário. Você tem João Coser e Janete comigo, um do PT e uma do PSB. Tem Hudson Leal do Republicanos, e tem Danilo Baiense do PL, e eu como Centro. Eu sou um Deputado de Centro, a minha posição sempre foi essa, então, o Presidente é de Centro, a Primeira e Segunda secretaria de Esquerda, a Primeira vice e segunda vice, de Direita. Então, ficou uma composição muito bacana que é um reflexo imediato do Plenário. O que, na verdade, gerou uma estranheza, talvez no mercado político foi; nunca nenhum Governador se posicionou tão claramente, explicitamente, dizendo que a base avaliasse um nome que ele entendia que era o melhor para Assembleia.

3 – Presidente, o senhor citou alguns municípios… Vila Velha, Cariacica… mas, e Vitória?
Marcelo Santos – Vitória é uma construção que a forças políticas estão fazendo. Nós temos o prefeito Pazolini que tem direito da reeleição, está no primeiro mandato. Mas, o Governo e a base do Governo têm relações com outros nomes que, naturalmente, possivelmente estarão disputando. Eu estou falando de João Coser, estou falando do deputado Deninho, estou falando do Gandini, eu estou falando do Mazinho dos Anjos, eu estou falando da Camila Valadão, estou falando do próprio Zé Esmeraldo que pode disputar a eleição, ou seja…

4 – …Então Vitória pode estar naqueles 20% que o sr. falou…
Marcelo Santos – …Com certeza. No município de Serra, por exemplo, você tem lá o Vidigal, que é aliado do Governo, tem o Chambinho que é aliado do Governo, tem o Paulo que está na Assembleia, ele é um deputado independente, mas tem votado em todas as matérias de iniciativa do governo. Tem o deputado Vandinho, que é também da base do governo. Então, quero dizer que o governador tem relação com deputados aqui que são da base dele e que podem também pleitear. O governo tem que pensar um bocado nisso na hora que faz uma composição de Assembleia, pra que você não tenha uma disputa de poder entre o executivo e o legislativo na disputa municipal, que é a antessala da eleição do palácio Anchieta e das duas vagas do Senado.

5 – O senhor fala em disputar uma vaga federal, mas a atividade aqui enquanto presidente toma muito tempo, e apesar de dar grande visibilidade, também te afasta um pouco das ruas devido a demanda do dia a dia. Como o senhor acha que pode conciliar isso tudo nessa caminhada pesada pra tentar um salto para a esfera federal?
Marcelo Santos – A sua pergunta é legal porque, na verdade, não é que toma o tempo. Você tem que administrar o seu tempo. Quem não consegue administrar o seu tempo não tem capacidade de gestão. Eu tenho uma formação nessa área. Eu preciso, e foi isso que eu já comentei com a nossa equipe aqui, que já está montada, que durante o mês de fevereiro e o mês de março, são os dois meses que eu preciso pra dar o tom daquilo que vai ser o modelo de gestão meu aqui para os próximos 2 anos. E isso não me afastou em momento algum da rua, das cidades, e do movimento que, naturalmente, eu quero colocar. Não vamos fazer assembleia itinerante. Mas, nós estaremos no Caparaó, estaremos no Sul, estaremos na região Serrana, estaremos no Norte e no Noroeste. Porque nós precisamos enquanto legislativo, estar mais próximo da sociedade. E como é que a gente se aproxima da sociedade? Nós temos os prefeitos que gerem as cidades capixabas – estou falando de 78 cidades – e eles enfrentam problemas enormes no seu dia a dia e muitas vezes tem dificuldade fazer com que a voz dele, a necessidade dele, tenha um rebatimento e eco, por exemplo, pra trabalhar e discutir temas que acabam dificultando a vida deles num Tribunal de Contas, no Ministério Público, no Judiciário, no Governo, e outras instituições. Nós na Assembleia, e eu já determinei que nós pudéssemos fazer um estudo pra programação de data, vamos ouvir os gestores nas cidades. Então nós vamos estar nessas regiões ouvindo o que os prefeitos e olhando as necessidades que eles enfrentam.

6 – Foi nesse sentido que o senhor recebeu os prefeitos aqui na
Assembleia recentemente?
Marcelo Santos – Sim, tivemos aqui agenda com prefeitos do Norte e do Sul, e nós ouvimos aqui, por exemplo, que o governo já vai mandar para Assembleia a alteração do FUNPAES, que é um fundo, como o Fundo Cidades, que faz transferência voluntária de recursos para que os municípios possam executar obras, de infraestrutura por exemplo. No FUNPAES, que é da educação, a lei tem os entraves burocráticos que os prefeitos não conseguem fazer as entregas conforme eles se comprometeram. E aí, essa Lei veio para cá para que nós pudéssemos mudar. Mas ela não veio para cá porque alguém do Governo entendeu que essa lei é burocrática e não consegue dar vazão ao recurso e não entregar as obras. Os prefeitos se manifestaram junto ao Executivo e junto aqui ao Legislativo. Da mesma forma é o Fundo da Defesa Civil, importante naquele momento e tem que ter uma velocidade. O impacto da chuva veio, tirou asfalto, derrubou casa, que é encosta, tem que construir. O prefeito teve que se virar sozinho porque a burocracia dessa legislação impediu que ele pudesse fazer uma ação rápida, ou talvez melhor, mas ele no limite do orçamento fez uma obra paliativa porque não conseguiu no tempo real pegar o dinheiro do fundo da Defesa Civil. Então, nós estaremos lá para ouvir deles isso na região Norte, Noroeste, Sul Caparaó e região Serrana, para que eles possam colocar e nós temos aqui uma condição de apresentar isso ao governo antes da peça orçamentária chegar. Ou enfrentar isso junto, por exemplo, tem demanda – a grande maioria das demandas de prefeitos – que é a questão das escolas que o Tribunal tem cobrado tentado fazer um termo de ajustamento com eles. E algumas cidades não tem condição de cumprir dentro do que prevê o regimento e tem que ser um ajustamento diferenciado. Porque uma cidade consegue cumprir num prazo, e outra tem que ter um prazo maior, uma dilatação de prazo. Então isso tudo nós vamos fazer e debater, ou seja, não serei eu o presidente que vai ficar aqui sentado numa sala do poder Legislativo aguardando as pessoas chegarem aqui, pra dialogar comigo. Não. Nós vamos sair da nossa zona de conforto, e vamos lá nas cidades e vamos discutir com eles os problemas, os desconfortos que eles têm para que nós possamos tentar minimizar esses problemas ou solucioná-los num conjunto a várias mãos.

7 – O senhor está falando em união com prefeitos, mas teve lugar aí que depois da eleição ficaram rusgas, né? Lá em Itapemirim, por exemplo, o senhor ficou meio aborrecido com o prefeito pós eleição. Inclusive tem um vídeo. O senhor já fez as pazes com Dr. Antônio?
Marcelo Santos – Na verdade, assim, foi no calor eleitoral… Não foi nem calor, foi um desabafo. Porque nós, na política, temos comprometimento com a coisa pública, com aquilo que falamos. Quando eu digo pra eles que eu vou trabalhar junto eu gerei pra eles uma expectativa e eu preciso ter esse compromisso de fazer. Então, é nossa palavra enquanto homens públicos. Homens e mulheres, né? Ela tem que ter uma validade como quem reconhece documento em cartório. Então naquele momento eu quis dizer que me foi dada a palavra, não por questões eleitorais não, mas por um conjunto de ações. Foi o comprometimento que eu fiz com o Antonio, que fiz de cá e não veio de lá. Mas eu, na condição de presidente da Assembleia, não tenho qualquer rusga com nenhum prefeito, tanto que estive lá na reunião com os prefeitos do Sul. Eu to mostrando pra eles que a Assembleia é uma grande e estratégica parceira para o desenvolvimento das cidades de forma regional.

8 – Já que a gente falou sobre Itapemirim, gostaria de colocar
Presidente Kennedy e Marataizes nesse contexto. Como o senhor enxerga aquela região, que é mais ligada aos royalties, dentro do
desenvolvimento estadual? Inclusive parece que Itapemirim apesar de muita receita está com grandes dificuldades financeiras.
Marcelo Santos – É inadmissível você ter um município com arrecadação que tem e você tá com o caixa negativo né. O Estado, e eu vou cobrar isso do governador, que tem uma sensibilidade enorme, precisa fazer um planejamento pra essas cidades. Por que? Qual é o grande problema? Você tem receita de royalties, mas você não tem receita própria. Ela é muito limitada. Sendo limitada você não tem capacidade de ampliar o seu quadro por exemplo, técnico de servidores, porque você vai gerar despesas que os royalties não podem suprir, porque tem uma definição específica. E ai o que nós vamos fazer? O Estado tem capacidade melhor de contratar, por exemplo, uma empresa que pudesse fazer uma planejamento estratégico. Não em uma cidade, porque elas são limítrofes, então tem que fazer uma planejamento nesse litoral com impacto para região Sul. Então assim, o Governo pode fazer isso eu vou pedir o governador que patrocine isso, ou as próprias prefeituras, mas com gerenciamento do Estado. Seria um convênio entre o (s) município(s) e o Estado, e contrata uma empresa para fazer um levantamento e apontar que caminho seguir.

9 – Seria tipo um consórcio…
Marcelo Santos – Mais ou menos isso. Acho que um consórcio a ser feito é dos municípios produtores de óleo e gás da região Sul, da região Norte, eles têm uma capacidade de investimento para algumas áreas permitidas pela legislação que eles podem fazer… algo maior na educação, por exemplo, na saúde e na infraestrutura. São três pilares importantes para o desenvolvimento. Tudo isso que o recurso por royalties permite investir. Aí você começa a ter receita, aí você consegue pagar melhor um profissional de desenvolvimento econômico na pasta, em todas as áreas.

10 – Ainda sobre o Sul, o senhor foi o deputado estadual mais votado em Presidente Kennedy. Foi uma surpresa?
Marcelo Santos – Não, porque lá eu tenho um grande amigo que se chama Dorlei Fontão. Um prefeito que pegou a prefeitura numa crise, que teve afastamento da prefeita, mas ele cumpriu e se elegeu prefeito. Ele tá há dois anos no mandato, se colocar na ponta do lápis, porque o resto é administrar crise provisória. Agora ele ta no início do mandato e digo que ele precisaria de mais um novo mandato, se o TSE aprovar, e aí sim fazer as entregas que ele sonha. Torço muito para isso… e é o melhor pra cidade. Chega de aventura, de pessoas querendo fazer só aquela questão da filantropia, sem dar retorno. Dorlei está levando empresas para lá, quer ter o Porto Central construído. Então, esse trabalho todo que sempre teve o meu apoio foi o resultado dessa minha votação lá. Muito trabalho do Dorlei.

11 – Presidente, voltando a questão da sua pretensão de uma
candidatura a um cargo federal, e a relação disso com o Podemos. O Podemos se tornou um partido muito grande aqui no nosso estado. E especificamente no cargo federal tem os dois deputados, o Gilson Daniel e o Vitor Linhalis, aí teve o coronel Ramalho que se apresentou de uma forma positiva nas urnas, apesar de não ter vencido… Então, eu queria entender se o seu planejamento de disputar a eleição de federal, se ele ainda é dentro do contexto do Podemos?
Marcelo Santos – Na verdade, assim, eu to tranquilo na minha relação com o Podemos. O Gilson é um grande parceiro que eu tenho. Sou vice presidente estadual do partido. Mas com esse planejamento que nós temos de subir mais um degrau, ou dois, e aí, entendo que a baliza vai ser a eleição municipal, que se avizinha. Eu não discuti questão partidária, então assim eu to tranquilo no Podemos. Também tenho uma relação estreita com a presidente nacional, e com os meus colegas deputados. Nós somos em três deputados, e fui o mais votado. Tem o Lucas Scaramussa, e o Allan Ferreira. O Vitor Linhalis é um grande parceiro que eu tenho, ou seja, os parlamentares, tanto a nível federal quanto estadual, nós temos uma relação muito bacana. Ocorre que o Podemos ta fazendo uma fusão agora com o PSC…

12 – Ah sim…
Marcelo Santos – …E outros partidos fazendo a mesma coisa. Então é natural que esses partidos comecem a sondar. Principalmente, para aqueles que pretendem disputar para federal. Se eu falar com você que não fui convidado ou sondado, ao menos para estar em outras agremiações, eu estaria mentindo. Por enquanto, não é a minha prioridade discutir partido por enquanto eu to muito bem acomodado no Podemos, e minha prioridade é fazer uma gestão moderna e eficiente que aproxime o cidadão cada vez mais da Assembleia, que eles possam conhecer o papel e a essência de cada deputado.