Editorial: Sumaré não deve ir a leilão: é de utilidade pública e serve à Cachoeiro de Itapemirim


Publicado por: Redação Em: Esporte No dia: 7 de setembro de 2021


Não é a primeira vez que a justiça leva à penhora o estádio do Estrela do Norte Futebol Clube, o Mario Monteiro, conhecido carinhosamente como Sumaré, de Cachoeiro de Itapemirim. E, ao que tudo indica, mais uma vez o leilão não chegará a ser consumado. Questões jurídicas à parte, é preciso reconhecer a importância desse espaço centenário e como serve à população em toda sua trajetória, sendo, assim, facilmente reconhecido como utilidade pública.

O Estrela tem 105 anos de fundação. É uma das poucas instituições centenárias que ainda exercem atividade em Cachoeiro de Itapemirim. Talvez somente a Santa Casa continue viva e pujante, com seus mais de 100 anos. O Centro Operário, que também já passou o seu primeiro século, enfrenta dificuldades, principalmente, por conta da enchente que devastou não só o local, mas a cidade inteira.

É no Sumaré que os helicópteros pousam para captação de órgãos e salvar vidas em outras cidades. E não tem hora, nem dia. Chegou a informação que é preciso utilizar o campo, se for preciso parar algum jogo, eles param, como já aconteceu. O estádio está no coração da cidade e, por isso, é utilizado como ponto de apoio logístico, sem que seja preciso pagar absolutamente nada por isso.

Não há motivos para leiloar algo que serve toda uma cidade. Afinal, o Estrela do Norte é o time de todos os cachoeirenses. É o clube que continua fomentando a prática esportiva, alimentando em inúmeros jovens o sonho de ser jogador profissional, criando laços e memórias afetivas que duram uma vida inteira.

Além do mais, é impossível dizer que o Estrela do Norte FC visa lucros. Muito embora tenha obrigações trabalhistas a cumprir, a diretoria é composta por verdadeiros corajosos, que não temem o prejuízo e não têm pena de tirar dinheiro do próprio bolso, para ver o Estrela vivo. Diretor do Estrela não tem salário, não recebe nada e seria muito leviano dizer que, pelo menos atualmente, desviam recursos. Doam não só o próprio recurso financeiro, mas o tempo de suas existências, ou seja, a própria vida.

Levar o Sumaré para quitar dívida com o município é assassinar a própria história de Cachoeiro de Itapemirim. Algumas coisas são inevitáveis. O progresso chega sem se preocupar com essas questões. No entanto, no caso do estádio do Estrela, não é apenas triste, mas trágico, por saber que parece que tem gente não se importar com esse importante legado.