Publicado por: Redação Em: Editorial No dia: 21 de junho de 2021
Ser político nos dias atuais é um enorme desafio. A bem da verdade, muitos dos que estão ocupando cargos eletivos, seja em nível federal, estadual ou municipal, dizem que não são políticos, negando aquilo que é uma ferramenta de transformação de uma sociedade e a forma de melhorar a vida das pessoas. É através da política que isso acontece. Renegá-la é injustiça, para não dizer, no mínimo, desonestidade intelectual.
Mas ser vereador, prefeito, deputado estadual, federal, governador, enfim, exige uma postura diferente das adotadas em anos passados. Os tempos são outros, as necessidades da população, também. Cachoeiro de Itapemirim, em especial, demanda do seu administrador uma postura cada vez mais moderna, antenada com as realidades de cada grupo social, distintos em suas formas e carências.
Essa mentalidade moderna e antenada é importante para Cachoeiro por alguns motivos: é a maior cidade do sul do Espírito Santo e, por isso, é polo de várias atividades; não tem dinheiro suficiente para resolver todos os problemas antigos e os que surgem diariamente; por não ter recurso, é preciso buscar novas fontes de arrecadação e isso, como se sabe, sempre desagrada alguém.
Engana-se quem acha que o prefeito faz o que quer com o dinheiro que a prefeitura tem. Ele, o prefeito, é obrigado por lei a investir 25% em Educação; 15% em Saúde; 6% são repassados para custear as despesas da Câmara Municipal; e cerca de outros 50% vão para pagar funcionários. Ou seja, 96% do orçamento já está comprometido. Restam 4% para investimentos nas demais áreas.
A previsão orçamentária para Cachoeiro nesse ano de 2021 foi de R$ 585.778.447,36. Então, em uma conta aproximada, de todo esse montante, R$ 87,7 milhões devem ser destinados obrigatoriamente para a Saúde; R$ 146,2 milhões para a Educação; R$ 35,1 milhões para a Câmara Municipal; e R$ 292,5 milhões para folha de pagamento de salários dos servidores. Somados, R$ 561,5 milhões, dos R$ 585 milhões previstos, já estariam comprometidos, restando R$ 23,5 milhões para os investimentos em todas as áreas. Então, ficaria assim: R$ 1,9 milhão por mês para aplicar em todas as áreas, como cultura, obras, tecnologia, enfim, todas as demandas que surgem para uma cidade.
Taxas, tarifas e impostos são algumas das formas que a sociedade encontrou para se organizar e concentrar na prefeitura a responsabilidade de transformar essa arrecadação em benfeitorias para a população. Tudo isso não sai da cabeça de cada prefeito dos 5.568 municípios brasileiros. Existem leis e órgãos de controle externo que norteiam as administrações, para evitar que prefeitos façam o que bem entendam, como se fossem ficar eternamente no cargo e se esqueçam da coletividade.
Quando Victor Coelho é chamado a fazer recadastramento imobiliário, de modo que fatalmente iria afetar o IPTU, é obrigação dele fazer. Um gestor moderno faz o que é preciso. Mas é essa modernidade antenada que faz com que ações possam ser revistas e, se necessário, desfeitas. E foi isso que ele fez. Encontrou uma forma de cumprir a lei, minimizando o impacto para as pessoas.
Foi-se o tempo do político politiqueiro, que só joga para a plateia e deixa a prefeitura uma bagunça. Cedo ou tarde essa conta chega. Cachoeiro precisa de gestor. E isso, até agora, está acontecendo.