Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História
Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 19 de agosto de 2022
Se a disputa eleitoral vai ser decidida em razão das questões econômicas, Jair Bolsonaro resolveu fazer com que, a cada mês, surja no noticiário uma informação nova que impacta positivamente no bolso do brasileiro. É a agenda positiva pautando sobremaneira o editorial político. Nessa semana, mais uma vez, fomos surpreendidos com outra redução no preço dos combustíveis. Foram três anos de aperto para um 2022 de folga. Para quem ainda não entendeu o que se passa: o jogo eleitoral é pesado e as ortodoxias econômicas que esperem. A conta virá, independente de quem vença a eleição, pois contas existem para serem pagas.
Em função disso, Paulo Guedes, o poderoso (e desaparecido) ministro da economia, tem estado bem sumido dos jornais. Não era pra menos. Cada iniciativa nada austera tomada pelo bureau político do presidente levaria, necessariamente, a uma quantidade enorme de perguntas impossíveis de serem justificadas por um acuado liberal. Estando Guedes escondido, ninguém vai questionar algo que possa comprometer o maior dos alicerces da campanha bolsonarista de 2018.
Paulo Guedes não vai precisar dizer quais serão os amargos remédios receitados por ele para resolver as enfermidades sociais geradas pelo seu presidente. Sabemos bem que austeridade e arrocho são palavras comuns no dialeto liberal, apesar de não estarem disponíveis no verbete político em ano eleitoral.
É bom recordar que, no auge da pandemia, Bolsonaro foi contra as políticas de transferência de renda que objetivavam conter a desgraça social anunciada. Como se não bastasse ter feito campanha anti vacinação e depois ter autorizado que seu ministro comprasse vacinas supostamente superfaturadas, o presidente fez esforço para barrar o auxílio emergencial. Agora o discurso é outro, apesar da nossa memória seguir a mesma.
A eleição não está decidida. Os resultados das pesquisas mostram uma alavancagem de Jair Bolsonaro, tanto consolidando votos em determinados segmentos quanto ascendendo em outros. Pelo que temos visto, nas semanas seguintes virão novas notícias positivas para impactar a agenda política brasileira, sob o silêncio sepulcral do extinto “Posto Ipiranga”.