Publicado por: Redação Em: Política No dia: 16 de maio de 2025
No melhor estilo Dadinho, do clássico filme Cidade de Deus, que mudou seu nome para Zé Pequeno, o vice-prefeito de Cachoeiro, Juninho da Cofril, em seu perfil no Instagram, decidiu, agora, utilizar o seu nome de batismo e estampou: José, o Júnior Correa.
Além da mudança na rede social, José da Cofril disse, em evento realizado em Pedra Azul, promovido pelo ex-deputado federal Manato, que não quer mais ser chamado de Juninho da Cofril, nome que o alçou na política.
Juninho, agora José da Cofril, começou alto na prefeitura de Cachoeiro. Aliás, desde a campanha eleitoral já recebia certo protagonismo. Como vice-prefeito, começou a desempenhar uma função de gerente geral, tanto, que foi criada uma secretaria só para ele e, hoje, é secretário municipal de Gestão Especial. Foi José da Cofril, inclusive, que anunciou a convocação dos quase 800 concursados em cadastro de reserva, somando aos outros 400 já convocados, para compor o quadro de servidores da municipalidade.
Acontece que o tempo foi passando e pouco mais de 100 dias depois de gestão, José parece estar isolado. Pessoas de dentro da prefeitura dizem que ele teria perdido autonomia e voz na administração, além de não estar se relacionando mais com vereadores, se limitando a sentar à mesa em alguns eventos ou ser marcado em posts de redes sociais do prefeito e da primeira dama.
Não é a primeira mudança drástica que Juninho, agora José, faz em sua rota de vida pessoal, talvez em busca da essência de sua personalidade. Formou-se em história, mas nunca foi professor; depois, decidiu que iria para a culinária. Concluiu gastronomia, mas nunca foi chef de cozinha (pelo menos, não profissionalmente. Para si próprio, talvez); deixou a política; decidiu ser padre; deixou o sacerdócio; voltou para a política; mudou de partido; pintou o cabelo de loiro; voltou para cor natural; mudou de nome. Na empresa do seu pai, exerceu – ou ainda exerce – função administrativa sem expressão, que não influencia nos resultados finais.
Se Rodolfo Abrantes ainda estivesse na banda Raimundos, talvez, conhecendo a história de José da Cofril, tivesse a inspiração para fazer o Homem de Fases, depois do sucesso que o grupo teve com Mulher de Fases.
A política mudou muito com o advento das redes sociais. É verdade. Mas a liturgia do cargo, não. É preciso respeitá-la. Não são apenas as mudanças repentinas que causam certo espanto. A própria imagem de José da Cofril tem deixado as pessoas com uma interrogação, preocupadas em saber se está tudo bem mesmo com ele. Barba enorme, cabelo por fazer, sobrepeso, indumentárias que não condizem com a função que exerce…
José, quando decidiu entrar para a vida pública, deveria saber que, agora, não é apenas o herdeiro do império Cofril. Como vice-prefeito, representa uma cidade que tem orgulho de ser chamada de Capital Secreta do Mundo e Atenas Capixaba. Terra de Newton e Rubem Braga. Roberto Carlos. Luz Del Fuego. Carlos Imperial. Sérgio Sampaio. E tantos outros já listados exaustivamente com brilho nos olhos de quem não tem medo nenhum em ser bairrista.
Toda essa inconstância e busca pelo seu “Eu e Eu”, deveria ser tratada no ambiente particular. Onde está, na função que ocupa, tudo isso pode gerar desgaste para o governo, instabilidade para a prefeitura e um ambiente de insegurança para quem pensa em investir em Cachoeiro.
Cada um é e faz o que quer. Também é verdade. Mas políticos, não. Esses representam o povo. E, como tal, devem pensar primeiro coletivamente. Afinal, cada atitude reflete na vida da população. E, muito embora algumas pessoas digam que a vida política de José tenha sido um presente dado por seu pai, isso não é brincadeira. Tampouco, brinquedo.
Mas essa metamorfose ambulante segue seu rumo. Resta saber: qual será a próxima mudança?