Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História
Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 10 de julho de 2022
A desistência do ex-governador Márcio França da corrida ao Palácio dos Bandeirantes é parte de um jogo que envolve a disputa em outras praças pelo país. Os partidos já estiveram juntos em muitas ocasiões da história, num momento em que, após a redemocratização, era mais fácil vê-los unidos na derrota que na vitória. Entretanto, a chegada de Lula ao Planalto em 2002 modificou esse processo. Ambos cresceram no rastro deixado pelos números positivos da era Lula.
Foi em 2010 a última vez que o PSB aproveitou a oportunidade da conjuntura nacional para dobrar o número de governadores e se colocar, de forma definitiva, numa balança que penderia sempre em favor dos pessebistas toda vez que o PT quisesse manter a batuta do governo federal em suas mãos. Para 2014 o ensaio de vôo solo acabou saindo do controle do PSB e eles acabaram naquele pleito com apenas 3 governos estaduais, novamente.
Após brigas, disputas e um impeachment, restaram mais arestas que diálogos entre os antigos aliados. A chegada de Bolsonaro ao Planalto modificou a história dos dois e reabriu o desejo do PSB de relembrar o recente ano de 2010. Na prática, a maioria do PSB vê com bons olhos essa renovação de votos, por mais que personagens como Renato Casagrande preferisse que os desejos nacionais do PSB fossem mais assemelhados aos seus anseios locais.
De fato, Casagrande governa com um amplo leque de alianças em que não cabe o PT (por mais que o Partido dos Trabalhadores no ES esteja sempre disposto a se adaptar). No instante em que a retirada da candidatura do senador petista Fabiano Contarato chega ao seu desfecho, resta a Casagrande comemorar o fato de que, assim como em 2010, não haverá um adversário com estrutura e tamanho suficientes para vencê-lo. Mesmo torcendo o nariz para Lula, Casagrande salta de alegria porque lá em São Paulo já resolveram a vida dele.