Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História
Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 12 de maio de 2022
A manutenção de Ciro Gomes (PDT) no páreo eleitoral é a única boa notícia para Jair Bolsonaro na nova rodada de pesquisas da Quaest. Estacionado, o atual presidente da República não consegue colher os frutos de projetos como o Auxílio Brasil e a predileção dos mais pobres segue com Lula. Apesar de ter sido o principal beneficiário da saída de cena do ex-juiz Sérgio Moro, Bolsonaro agora deposita um fio de esperança na manutenção de Ciro Gomes no pleito porque sem ele, conforme os números, a corrida poderia ser resolvida no primeiro turno.
Entretanto, antes de quaisquer conclusões precipitadas, a manutenção de Ciro Gomes hoje favorece o próprio jogo eleitoral. Nessa partida, que está sendo jogada apenas por Lula e Bolsonaro (e pelo visto, assim seguirá), ninguém vai perder ou ganhar de véspera e nenhum movimento antes da hora fará com que o adversário mude a sua estratégia. Ou seja, do ponto de vista das pré-candidaturas nada muda.
Por outro lado, ainda não está claro o que o PDT fará com os 7% de votos de Ciro quando agosto chegar e as convenções confirmarem as alianças derradeiras para outubro. Sentar na mesa de negociações apenas ao final do primeiro turno pode ser a pá de cal, caso a sigla não aumente o seu número de congressistas. Pelo histórico do PDT, haverá uma forte pressão para que a agremiação embarque na carruagem de Lula em julho.
Mas convenhamos, a política é um prato que se come frio. E o PDT, talvez, aposte nisso. Lula compreende que a história joga contra o seu partido, sendo assim, o segundo turno é a disputa que resta e o foco está no fim de outubro. Ciro Gomes, muito sabiamente, reforçou em discurso o retrospecto petista pós-redemocratização. Disse que sua candidatura segue de pé porque o PT não vai levar em dois de outubro. Com essa narrativa ele mantém a militância e a liderança pedetista em guarda, mas não se sabe até quando. Apesar do tempo ser o seu adversário, o argumento histórico pesa a seu favor e, por isso, o sobralense acredita que pode jogar esse jogo sozinho. Mal sabe ele que para Lula e Bolsonaro Ciro Gomes é o nome da bola do jogo.