Cinco maiores estatais, como Petrobras e Banco do Brasil, cortam 25% do pessoal

Busca de Estado menor, crise econômica e digitalização explicam perda de 111 mil empregados. Ex-funcionários lamentam perda de benefícios

Publicado por: Redação Em: Economia No dia: 28 de junho de 2021


As cinco grandes estatais federais do país — Banco do Brasil, Correios, Caixa, Petrobras e Eletrobras — perderam mais de 111 mil empregados entre o início de 2015 e março deste ano. Juntas, cortaram pouco mais de um quarto de seu pessoal nesse período, recuando para um total de 327.397, segundo o Panorama das Estatais, do Ministério da Economia.

As maiores baixas estão concentradas na Eletrobras (-45,8%) — em vias de ser concedida à iniciativa privada — e na Petrobras (-42%).

Esse encolhimento é puxado por uma combinação de fatores, que vão da orientação para redução do tamanho do Estado desde o governo Michel Temer até a crise econômica, que impacta a capacidade de investimento das empresas e leva o governo a recorrer à venda de estatais para equilibrar as contas públicas.

Entra na conta ainda a digitalização de serviços e operações, sobretudo no setor financeiro.

— É uma correção de rumo, após um período de crescimento do setor (estatal) em governos anteriores. Foi como voltar um pouco o pêndulo do lado da expansão do Estado em que estava. No caso da Eletrobras, a privatização pesa, mas o cenário não é diferente na Petrobras — afirma Sérgio Lazarini, professor do Insper.

Marco Tulio Zanini, professor da FGV EBAPE, frisa que a crise econômica contribui para esse processo de enxugamento:

— Há o contexto de recessão. Sem demanda, essas estatais perdem a perspectiva de produtividade futura e ficam com mão de obra ociosa ou subaproveitada. Não existe incentivo para a manutenção dessas empresas em seu nível máximo de produtividade. São setores desmotivados, com as companhias passando por grandes reestruturações.

Lógica privada

Para enfrentar a crise, empresas na iminência de serem concedidas reduzem quadros já embarcando na lógica de operação do mercado privado.

— Essas empresas que estão para serem privatizadas já operam na lógica privada. Elas já entregam uma empresa com menor custo e maior receita — observa Márcio Pochmann, economista e professor da Unicamp.

Ele lembra que, nos anos 1990, as estatais privatizadas tiveram corte de cerca de 35% dos funcionários após a venda. Agora, continua, o que sustenta esse movimento de redução de pessoal é a tentativa do governo de enfrentar a situação fiscal ao se desfazer de ativos, criando alguma mobilização de recursos do setor privado.

— O custo tem sido o principal foco das empresas, que têm feito o possível para manterem-se eficientes no mercado, mas isso tem limites se o faturamento e a economia não crescem — avalia Pochman.




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