Cidades do interior de SP rejeitam Plano São Paulo e adotam regras próprias


Em: Geral No dia: 25 de janeiro de 2021


Prefeituras do interior paulista rebaixadas para a fase vermelha do Plano São Paulo de combate à covid-19 estão se recusando a adotar medidas mais restritivas. Em ao menos três cidades – Bauru, Piedade e Araçariguama – entraram em vigor nesta segunda-feira, 25, decretos contrariando as regras. Outras 15 cidades da região de Sorocaba entraram na fase vermelha, mas negociam com o governo a volta para a laranja. A gestão Doria informou que está notificando as prefeituras rebeldes e deve encaminhar os casos ao Ministério Público estadual.

Estão na fase vermelha as regiões de Barretos, Bauru, Franca, Marília, Presidente Prudente, Sorocaba e Taubaté. Atividades não essenciais, como lojas, shoppings, bares, restaurantes, academias, salões de beleza e escritórios devem permanecer fechados.

Em Bauru, a prefeita Suéllen Rosim (Patriota) baixou decreto permitindo que esses estabelecimentos funcionem por dez horas diárias, de segunda-feira a sábado, no máximo até as 20 horas. “A prefeitura quer preservar a vida de todos e também manter de forma responsável as atividades econômicas e os empregos”, disse a prefeita.

A prefeitura de Piedade, região de Sorocaba, seguiu a mesma linha, liberando o comércio até as 20 horas. Segundo o município, os indicadores são melhores do que em cidades vizinhas. Na manhã desta segunda-feira, 25, havia movimento intenso na região central e algumas pessoas não usavam máscaras.

Em Araçariguama, o decreto permite que o comércio funcione até as 20 horas, entre domingo e quinta-feira, e até as 21 horas nos fins de semana. Já os supermercados podem abrir até a meia-noite, medidas que contrariam o plano estadual.

Uma comissão de prefeitos liderados pelo prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), reuniu-se na manhã desta segunda com o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi, reivindicando a volta de 15 cidades da região para a fase laranja do Plano São Paulo. Os municípios foram rebaixados para a fase vermelha. Os prefeitos alegam que algumas cidades estão com índices melhores de ocupação hospitalar do que outras.

Eles querem autonomia para flexibilizar o comércio de acordo com indicadores locais de ocupação de leitos para covid-19. Vinholi confirmou o encontro e disse que o governo vai colocar, em parceria com a prefeitura, mais 20 leitos para Sorocaba, que é referência regional para a covid. No entanto, segundo o secretário, as cidades precisam se manter na fase vermelha até a próxima classificação do plano, que deve acontecer no dia 7 de fevereiro. Manga afirmou que a revisão pode ser antecipada para a próxima sexta-feira, 29.

Com relação a Bauru, Piedade e Araçariguama, o secretário disse que as três prefeituras já foram notificadas para acatarem o plano. “Notificamos agora de manhã e encaminhamos para o Ministério Público. Estamos contando que fiquem na fase vermelha, o que será melhor para todos, inclusive para os moradores dessas cidades”, disse Vinholi.

Protesto em Ubatuba, no litoral norte de SP

Comerciantes de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, fizeram um protesto contra a volta da cidade à fase vermelha. Com faixas e cartazes contra o que chamaram de ‘lockdown’, eles caminharam pelo centro e interditaram o acesso às praias do norte e sul do município. O trevo de acesso à rodovia Rio-Santos também foi bloqueado.

A Associação Comercial e Empresarial de Ubatuba divulgou nota repudiando as novas regras. “Fechar o comércio com as praias abertas é declaradamente assinar o atestado de óbito de nossa amada Ubatuba”, afirma o texto.

A prefeita Flávia Paschoal (PL) informou que tenta uma reunião com o governo para pedir uma revisão de fase. Segundo ela, tentativas anteriores de flexibilizar o plano foram barradas pelo MP. “O município é obrigado a cumprir o plano. Temos responsabilidades com as vidas. Nosso hospital (Santa Casa) foi deixado sem leitos de UTI; o que temos são leitos de suporte ventilatório. Peço a compreensão de todos, pois somos o município com menor orçamento do litoral e maior dificuldade na saúde”, disse.

Em Limeira teve até caixão em protestos de donos de bares e restaurantes do interior de São Paulo, nesta segunda-feira, 25, contra as novas restrições ao comércio definidas pelo Plano São Paulo, para controle da pandemia de covid-19. A urna funerária, normalmente vista em atos que defendem o isolamento e a vacinação contra a doença, foi levada para uma praça, na região central de Limeira, por um grupo de comerciantes da cidade. Segundo eles, nesse caso, o caixão simboliza a morte pelo desemprego e a falta de renda.

O protesto continuou com uma carreata guiada por um carro de som e terminou em frente à prefeitura. A cidade está na fase laranja do plano, em que muitas atividades comerciais são permitidas, mas os comerciantes se insurgem principalmente contra a restrição à venda de bebidas alcoólicas no período noturno e a obrigatoriedade de fechamento total do comércio não essencial nos fins de semana. A prefeitura informou que ouviu representantes do setor, mas tem a obrigação de seguir o plano estadual.

Em Campinas, cidade que também está na fase laranja do Plano, donos e funcionários de bares protestaram contra o fim do atendimento presencial em dias úteis. Os manifestantes se concentraram no Largo do Rosário, na região central, e caminharam até a sede da prefeitura, ocupando a escadaria central do prédio. O setor alega dificuldades para manter os empregos. Representantes foram recebidos por gestores municipais. Em rede social, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) informou que a cidade precisa de mais leitos hospitalares para reivindicar, junto ao governo estadual, a reclassificação para uma fase menos restritiva.

Conforme o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi, as restrições são necessárias diante das altas de casos, internações e mortes pela covid-19 nos últimos 15 dias, além da elevada ocupação de leitos de UTI. Segundo ele, as decisões do Plano São Paulo são técnicas, seguem critérios com muita transparência e devem ser seguidas pelas prefeituras “para segurança da população.”