Cidadãos têm pouco a fazer, dizem especialistas


Em: Economia No dia: 26 de janeiro de 2021


O megavazamento de dados dá motivo para que os brasileiros se preocupem. As bases vazadas trazem informações detalhadas sobre os cidadãos, que podem ser usados para crimes diversos: de compras com cartão de crédito a até formação de dívidas e venda de patrimônio com o nome das vítimas. Segundo especialistas, o mais perturbador é que pouco pode ser feito para evitar o uso dessas informações – não é nem possível saber quem foi afetado.

Marco DeMello, presidente executivo da PSafe, diz que os usuários devem ficar atentos nos próximos dias para quaisquer movimentações financeiras suspeitas, como compras em cartões de crédito e dívidas. “Os criminosos que compram esses dados podem assumir a identidade dessas vítimas e criar dívidas e baixar escrituras em nome delas. Há vários crimes que podem ser cometidos com dados tão completos.”

Jéferson Campos Nobre, professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), concorda que há pouco o que fazer até que alguma movimentação suspeita seja feita. Caso algo anormal aconteça, o ideal é formalizar um boletim de ocorrência, citando o vazamento em 19 de janeiro.

Para o cidadão, não há como saber se os dados fazem parte do pacote vazado. Não há apps ou serviços que prestam esse tipo de ajuda no momento. Porém, para DeMello, dada a magnitude do vazamento, é difícil que algum brasileiro não tenha sido afetado. “A essa altura, todos os CPFs estão nessa base roubada. Estão lá meus familiares, meus sócios, minha equipe e qualquer coisa que eu pesquise. É assustador”, diz.

Os especialistas dizem que é necessário atenção para não virar alvo dos dados já vazados.

“A gente depende muito da conscientização dos usuários”, aponta Nobre. Ele nota que são úteis clientes de e-mail que automaticamente filtrem mensagens de spam, mas é preciso que o indivíduo fique atento a mensagens de terceiros se passando por empresas no WhatsApp ou em outras redes sociais, onde a maior parte dessas práticas acontecem. “É a ideia de segurança centrada nas pessoas, na qual o usuário participa dos processos de proteção.”

Nobre cita que o phishing, prática de roubo na internet que usa uma página com formulário falso para coletar informações de um usuário desavisado, pode se tornar mais refinado, detalhado e customizado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.