Publicado por: Agencia de Notícias Em: Política No dia: 28 de julho de 2021
O presidente Jair Bolsonaro sacramentou ontem a escolha do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para comandar a Casa Civil e, com isso, alçou um dos principais líderes do Centrão ao espaço mais nobre já ocupado por esse bloco partidário nesta e em outras gestões no Planalto. Nas palavras do próprio Bolsonaro, ele está entregando a “alma do governo” a Ciro Nogueira.
Embora as siglas do Centrão tenham ocupado cadeiras de destaque nas gestões dos últimos três ex-presidentes da República — Michel Temer, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva — jamais haviam indicado um nome para um ministério com o prestígio da Casa Civil. A pasta é considerada a mais importante do Executivo e concentra todas as nomeações da máquina pública, por exemplo.
E (quero) dizer ao senhor presidente Lula que não é o Ministério das Minas e Energia, onde o orçamento é milionário. Não é o Transporte, não é o Desenvolvimento Regional, é a chefia da Casa Civil, é a alma de um governo — disse o presidente em entrevista à Rede Nordeste de Rádio, citando Lula, que afirmara mais cedo que Bolsonaro havia se tornado “refém” do Centrão.
Ao optar por Nogueira, parlamentar experiente e com bom trânsito nas mais variadas matizes ideológicas, Bolsonaro olha para o presente e o futuro próximo. Caberá ao novo ministro azeitar a relação com o Congresso e, no primeiro momento, sobretudo, tentar mitigar os danos provocados pela CPI da Covid no Senado. Nogueira integrava a tropa bolsonarista da comissão, que retomará os trabalhos na semana que vem.
A entrega de um ministério central à parcela de seus aliados com fama de tratar a relação com o governo à base do fisiologismo ocorre em um dos momentos de maior enfraquecimento de Bolsonaro desde que chegou ao Palácio do Planalto. A pouco menos de um ano e meio das eleições de 2022, o presidente aparece atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto. Além disso, ainda não conseguiu definir o partido a que se filiará para disputar a reeleição e, com frequência, tem de explicar as suspeitas de irregularidades em sua gestão, investigada pela CPI.