Em: Variedades No dia: 8 de julho de 2020
Todo dia, o público é bombardeado com informações sobre a flexibilização. O novo normal. Pode/não pode? Abre/Não abre? Uma das grandes preocupações é com a volta dos espetáculos. Teatros, cinemas, concertos. Anteriormente, a reabertura desses setores econômicos, bem como bibliotecas, centros culturais, galerias, museus, estava prevista para a fase 5, azul. Agora, o governo estadual flexibiliza e promete reabrir quando o setor ficar por 28 dias, de forma ininterrupta, na fase amarela. A perspectiva é de reabrir ainda em julho.
O setor do audiovisual vem discutindo a nova realidade do setor desde que as salas fecharam, em março, por conta da pandemia. Imediatamente formaram-se grupos remotos para debater a reabertura. Lá atrás, há mais de 100 dias, o olhar era um. Agora, é outro. Desde às 12h de terça, 7, surgiu nas redes a campanha #JuntosPeloCinema. Como tudo hoje em dia se divide em fases, a fase 1 da campanha é para lembrar o público do prazer que é ver filmes no escurinho do cinema.
“Chupando drops de anis”, cantava Rita Lee. Hoje é comendo pipoca e tomando refrigerante. Durante esses meses de confinamento, o público passou a usar cada vez mais as plataformas de streaming, os drive-in voltaram com força. Com a reabertura, que terá um protocolo rígido, e restritivo – menos espectadores, distanciamento social, maximização da higiene, etc. -, o faturamento poderá ser, aos poucos, retomado. Mas qual é o porcentual do público que realmente voltará às salas, pelo menos de cara? Criou-se a campanha #JuntospeloCinema, que reúne distribuidores, exibidores, programadores, profissionais unidos pela nova retomada. As ações concretas são mediadas pela Flix Media, empresa especializada na comercialização de espaços publicitários para cinema, que opera com os grandes do mercado, as majors e as maiores redes exibidoras. Estamos falando de consumo massificado, a volta dos blockbusters.
Na nova campanha constam depoimentos como o de André Sala, diretor-geral da Sony Brasil: “Cada ida ao cinema é um evento. A sala escura, a tela grande, o som fazendo estremecer a cadeira… No cinema, você não só assiste ao filme, você o vivencia. O movimento #JuntosPeloCinema quer garantir que essa experiência única retorne com conforto e segurança para a vida do público”. Cesar Silva, VP e diretor-geral da Paramount Pictures Brasil: “Acreditamos na experiência do cinema e nos orgulhamos em fazer parte dessa iniciativa de todo o mercado para uma retomada de atividades segura e responsável. O cinema faz parte da nossa vida, tem papel importante na nossa cultura e assim, como nós, vai se adaptar aos novos tempos, cumprindo o seu papel de trazer informação, emoção e esperança para os espectadores”.
E Hernán Viviano: “Na Warner Bros. Pictures, nós acreditamos no poder das histórias, e não há lugar melhor para contá-las do que nos cinemas. Estamos muito orgulhosos em participar do projeto #JuntosPeloCinema, para que a magia do cinema finalmente retorne e continue a encantar todos os brasileiros, como fazemos há quase 100 anos”.
Todo esse esforço é para motivar o público a retornar às salas, Jean-Thomas Bernardini, da Imovision e da Reserva Cultural, é um raro independente nessa festa de grandes. O cinéfilo sabe que ele tem preocupações específicas, até porque, no seu conjunto de salas, os blockbusters entram pontualmente e o perfil é por um produto mais seletivo. De arte, autoral. Filmes brasileiros classificados como miúras têm no Reserva alguns de seus espaços mais tradicionais em São Paulo, no Rio, no Brasil inteiro – o Espaço Itaú de Adhemar Oliveira replica a campanha em seu site, mas não a integra e terá agenda própria. Por enquanto, a campanha é para devolver ao público o gosto por esse prazer momentaneamente adiado. Tempo perdido, tempo reencontrado, o da ida ao cinema.
Dentro de dez dias, o #JuntosPeloCinema lança uma nova fase e anuncia o Festival de Volta Para o Cinema, idealizado pelo crítico, curador e apresentador Érico Borgo em parceria com distribuidores e exibidores. Jean-Thomas já antecipou ao repórter que conseguiu garantir seu direito à diferença, mas sem entrar em detalhes. Os filmes que poderemos ver na telona, em primeiro lugar. Querem apostar que Velozes e Furiosos 9 estará no lote? Afinal, deveria ter estreado em abril.
Borgo: “O cinema sempre fez parte da minha vida e, no âmbito profissional, foi graças a essa paixão que consegui muito do que conquistei. Fazer parte desse movimento único na história e auxiliar no retorno do público a essa experiência sem igual é uma grande emoção”. Mais alguns dias e saberemos o que o Festival de Volta Para o Cinema reserva ao público. As coisas recomeçam, mas todos sabem que terá de ser com atendimento a protocolos de segurança e normas que ainda estão sendo definidos com autoridades municipais e estaduais. Por enquanto, a data é 27 de julho.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.