Em: Internacional No dia: 10 de novembro de 2020
No dia em que os EUA superaram a marca de 10 milhões de casos, a equipe de transição do presidente eleito, Joe Biden, anunciou nesta segunda, 9, uma força-tarefa para o combate à covid-19. Entre os membros anunciados está a brasileira Luciana Borio, pesquisadora do Conselho de Relações Exteriores dos EUA e ex-diretora de preparação médica e biodefesa do Conselho de Segurança Nacional.
A equipe de especialistas vai aconselhar Biden, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e a equipe de transição do governo sobre como enfrentar a pandemia. A força-tarefa será liderada pelo epidemiologista David Kessler, da Universidade da Califórnia, Vivek Murthy, ex-cirurgião-geral dos EUA, e Marcella Nunez-Smith, especialista em saúde pública da Universidade Yale.
“Lidar com a pandemia do coronavírus é uma das batalhas mais importantes que nosso governo enfrentará, e serei guiado pela ciência e por especialistas”, afirmou Biden ontem em comunicado. “O conselho consultivo ajudará a moldar a abordagem para gerenciar o aumento nas infecções, garantir que as vacinas sejam seguras, eficazes e distribuídas de forma eficiente, equitativa e gratuita, e proteger as populações em risco.”
A força-tarefa de Biden trabalhará em contato com os Estados e municípios para criar políticas econômicas e de saúde pública para lidar com o vírus, tentar conter seu impacto entre as minorias e elaborar planos para reabrir escolas com segurança. Entre as iniciativas mais ambiciosas do novo governo democrata estão a testagem gratuita e a criação de uma equipe de 100 mil pessoas para realizar o rastreamento de contágios.
Promessas
Durante a campanha, Biden prometeu uma estratégia oposta à adotada pelo presidente Donald Trump. De acordo com ele, após a eleição, a prioridade é garantir que as decisões de saúde pública sejam sempre amparadas na ciência e formuladas por profissionais da área.
Um dos nomes que mais chamou a atenção na equipe montada pelo democrata é o de Rick Bright, que foi diretor da agência federal responsável por pesquisas biomédicas e pelo desenvolvimento de vacinas durante o governo Trump. Ele disse que foi demitido por discordar das pressões do presidente para que a cloroquina fosse usada no combate à covid.
Enquanto os EUA entravam na reta final da campanha eleitoral e passavam pelo conturbado processo de apuração dos votos, a pandemia se agravou na maioria dos Estados. Após atingir a marca de 100 mil casos diários de coronavírus no dia 4, um dia após a eleição, os americanos bateram quatro recordes consecutivos de novas infecções pela doença, registrando mais de 126 mil infecções em 24 horas na sexta-feira. Ao todo, 237 mil pessoas morreram de covid no país desde o início da pandemia.
Ontem, Biden afirmou que uma possível vacina contra a covid-19 será gratuita e pediu aos americanos que usem máscara: “Eu imploro: usem máscara. Usar máscaras não é uma declaração política”, afirmou o democrata. “Minha mensagem para todos é que, não importa em quem você tenha votado, não importa seu partido, nós podemos salvar dezenas de milhares de vidas se todos usarem máscaras pelos próximos meses.” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
Uma carioca na força-tarefa
Luciana Borio integrará o time de 13 especialistas que orientarão Joe Biden no combate à pandemia. Borio é carioca, mas passou boa parte de sua vida nos EUA e serviu nos governos George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump. Ela dedicou sua carreira à preparação para epidemias. Em maio, em entrevista ao Estadão, ela afirmou que houve uma mudança de direção com Trump. “Perdemos tempo nesses três anos”, afirmou.
Borio começou a trabalhar no governo americano após os atentados de 2001. Depois, foi diretora para preparação médica e biodefesa do Conselho de Segurança Nacional, que assessora a Casa Branca, além de chefe da FDA, agência reguladora de drogas e alimentos. Este anos, ela foi uma das vozes mais críticas à adoção da cloroquina como tratamento para a covid-19.
“Partiu meu coração ver como esse assunto foi tratado”, disse, em maio. Não é a minha preferência ter políticos fazendo propagandas de medicamentos, porque não são treinados para isso. Mas é imperdoável ter membros da comunidade científica usando essas drogas sem os cuidados devidos nos pacientes.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.