Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

A situação econômica é grave


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 11 de dezembro de 2021


 

Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nessa sexta-feira reforçou o cenário que tem sido a cara do país desde o advento da pandemia. Para 70% da população a situação econômica brasileira é grave. Há muitíssimas incertezas no ar e o povo entende que pouco se tem feito para enfrentar a inflação e o desemprego.

As vendas no comércio varejista são um claro demonstrativo de que a renda do brasileiro vai mal. Com pouco dinheiro no bolso e com os preços nas alturas já se fala em recessão técnica. Em dois trimestres seguidos o crescimento foi próximo de zero, deixando em todos a sensação de que mudanças mais radicais precisam vir no plano econômico.

É interessante notar que todas as hipóteses liberais levantadas pelo então candidato Jair Bolsonaro (e seu fiel escudeiro Paulo Guedes) não tiveram efeito algum nesses quase três anos de governo. Nas eleições, todos os males seriam resolvidos com o amargo chá do liberalismo. Iniciada a gestão Bolsonaro, o que se viu desde o início da pandemia foi um governo empenhado em ampliar medidas anticíclicas. Quer dizer, se em momentos de dificuldade as medidas liberais não servem para sanar os problemas do país, por que tais medidas serviriam em tempos de bonança? O discurso econômico e a prática de gestão do “Chicago Boy” depõem contra ele mesmo. É o tal peixe que morre pela boca.

O debate econômico tem sido a tônica da precoce corrida presidencial. Hoje, os números jogam contra o governo Bolsonaro, entretanto a economia é sempre retrato de ocasião, não se pode esquecer. É difícil imaginar um salto tão qualificado a partir de 2022 com um planejamento que se demonstra equivocado. E as expectativas de mudança alimentam as demais candidaturas de oposição.

Todavia um dado dessa pesquisa econômica salta aos olhos quando se traça o paralelo político com a mesma. Um terço dos entrevistados avaliam a economia entre regular e ótima. Esses dados se assemelham ao índice de aprovação que Bolsonaro tem e lhe garante um segundo turno das eleições. Se a pior tempestade econômica já tiver passado, a direita brasileira vai precisar se esforçar mais para retirar Bolsonaro do segundo turno. Ou talvez inventar um novo liberalismo na boca de um novo Paulo Guedes.




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