Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História
Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 24 de junho de 2022
A acusação de corrupção envolvendo o ex-ministro da educação do governo Jair Bolsonaro, pastor Milton Ribeiro, está no seguinte patamar: quanto mais mexe, mais fede. Agora é o Ministério Público Federal quem pede que o caso Ribeiro seja enviado ao STF. Ao que tudo indica, o presidente da República teria interferido na operação da PF avisando com antecedência ao seu antigo pupilo. Milton Ribeiro já está em liberdade.
Interferir na Polícia Federal não é novidade para o presidente Jair Bolsonaro. Tampouco casos de corrupção envolvendo o seu governo. Então, apesar dos indícios em torno do balcão de negócios espúrios que havia se tornado o Ministério da Educação (MEC), ainda há pontas a serem descobertas nessa operação. Nem mesmo a suposta CPI do MEC teria capacidade, nessa conjuntura, de retirar o presidente de sua cadeira. Mas está cada vez mais claro que o esquema de propina envolvendo pastores aliados tinha um endereço político certo que perpassa a reeleição de Bolsonaro em 2022.
Se a CPI for mesmo instaurada, como garante a oposição, haverá todo um noticiário desfavorável ao presidente durante alguns meses a partir de agosto. Isso não parece impactar a eleição, dado o que já vimos e ouvimos desde 2019 quando o ex-deputado do baixo clero assumiu o cargo mais alto da República. Após mais uma rodada de pesquisa a velha resiliência de Jair Bolsonaro com o seu eleitorado segue em posição de sentido.
Parece bem evidente em toda essa história de CPI do MEC o fato de que as forças do governo deverão estar voltadas para apagar o incêndio de cada depoimento e acareação no Senado. Se assim for, Jair Bolsonaro e seu séquito gastarão mais saliva evitando a crescente da CPI na casa de leis e refutando os argumentos dos opositores nos jornais e redes sociais do que reproduzindo mentiras e teorias conspiratórias em razão das urnas eletrônicas. Torçamos para que a CPI se instale. É melhor para a República.