Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

A economia e o termômetro político


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 27 de maio de 2022


Uma eleição divide, naturalmente, um país e de acordo com a última rodada do Datafolha, os mais ricos são o segmento que ainda mantém uma boa base de apoio à candidatura Jair Bolsonaro, enquanto os mais pobres estão majoritariamente com Lula. Na mesma linha, são os brancos que dão boa sustentação a Bolsonaro, enquanto pretos apoiam o ex-presidente. Recorte a mulher, preta e pobre e você terá o exemplo mais nítido da eleitora de Lula, assim como o homem, branco e rico é a imagem cabal do bolsonarismo.

Para além dos corriqueiros ataques às instituições republicanas, a campanha de Jair Bolsonaro deve trabalhar nesses próximos meses para tentar avançar sobre o eleitorado de Lula, a fim de reverter votos entre pretos e pobres, já que a saída de João Doria da corrida eleitoral não lhe trouxe, por hora, benefícios. O efeito econômico das medidas de Paulo Guedes (bem como os discursos em favor dos bons costumes, do armamentismo e a pressão sobre o sistema eleitoral) parece ter encontrado eco apenas entre a já citada minoria de brasileiros que refletem o próprio gênio de Bolsonaro.

Contrariamente, a massa de desvalidos passou a enxergar no atual presidente um adversário para a melhoria de vida e, ao que tudo indica, viram em Lula a imagem de um passado idílico. Não por acaso, o ex-presidente tem insistido na tese de que as pessoas terão festa e fartura (churrasco e cerveja) nos fins de semana novamente, caso ele retorne ao Planalto.

Assim, se Jair Bolsonaro não sair na chuva para debater suas péssimas escolhas econômicas, bem como reconhecer os seus devaneios no instante em que a pandemia corroía o bolso do cidadão brasileiro, muito provavelmente os temas do “antipetismo” ou o “fantasma do comunismo” só irão ganhar repercussão entre os mesmos de sempre, que tem estado com ele no cercadinho do Alvorada, lugar que mais parece um curral eleitoral que uma cabal demonstração do termômetro político brasileiro. Mais do que nunca, 2022 parece apontar em direção ao futuro esquecendo os espectros do passado.




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