Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

A assombração sabe pra quem aparece


Publicado por: Max Dias Em: Sem categoria No dia: 12 de novembro de 2020


A semana que antecede ao dia da eleição parece reservar algumas surpresas em boa parte dos municípios capixabas. Se existem indefinições, especialmente na Grande Vitória (onde a maior parte dos municípios possui segundo turno), por outro lado existem certezas: o PT fará, com muito esforço, acordo e articulação, apenas uma prefeitura dentre as maiores cidades do Espírito Santo.

Um curto passeio na história recente nos fará chegar ao apogeu do governo Lula quando, além de conseguir sair com a maior aprovação de um presidente, fez a sua sucessora Dilma Rousseff e cravou, por essas terras, prefeitos nas cidades de Vitória, Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim e Colatina. Tal façanha, impossível de ser repetida em 2020, permitiu ao PT governar sobre uma população tão grande que espanta ter se dissipado rapidamente, como brumas ao calor do sol.

Os erros políticos das lideranças locais, em suas construções de projetos pessoais, somaram-se às muitas denúncias no âmbito nacional, exaurindo o legado do PT capixaba. Todavia muitos preferem sobrevalorizar a incisiva campanha midiática contra o partido, enquanto se negam a enxergar o equívoco de suas próprias interlocuções políticas. Se Genivaldo Lievore em Colatina, Joana D’Arck em Cachoeiro e Célia Tavares em Cariacica têm tantas dificuldades em decolar nas pesquisas e cativar um eleitorado que historicamente votou no PT, o demérito não assinala os seus nomes. Do mesmo modo, o apertado primeiro lugar nas pesquisas para João Coser em Vitória fará com que a agremiação tenha que se desdobrar em mil para conseguir, no segundo turno, costurar um acordo que nessas poucas linhas seria inenarrável.

Na prática, o partido que se eximiu de formar jovens lideranças para os pleitos majoritários, e cada vez mais os espreme nas disputas legislativas municipais em conjunto com as velhas raposas a fim de cumprir cotas e coeficiente eleitoral, pode ver o tempo voltar-se contra si mesmo ao adentrar a segunda década do século XXI como se estivesse ainda na última quadra dos anos 1990. Só que o Vitor Buaiz agora é outro. “A assombração sabe para quem aparece”.




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