Max Dias
Historiador, jornalista, professor do IFES Campus Linhares e Doutor em História

PT, PSB e o casamento moderno


Publicado por: Max Dias Em: Colunistas No dia: 14 de fevereiro de 2022


Ampliado o prazo para criação das Federações partidárias (31 de maio de 2022) resta agora o gran finale dessa história. Na bolsa de apostas da política há quem diga que nenhum dos flertes partidários dará em casamento. O caso do PT e PSB talvez seja o mais emblemático. Desde a redemocratização os partidos têm caminhado juntos, especialmente nas eleições majoritárias nacionais. Porém, em 2016, quando o PSB apoiou o impeachment da Dilma (PT), uma forte cisão entre as siglas levou a um afastamento quase que definitivo.

Nada como o tempo para curar as feridas de um amor partido. A entrada de Lula na corrida presidencial de 2022 mudou essa perspectiva, pois os pessebistas perceberam que a janela para negociações (tão vantajosas como a de 2010) poderiam levar a pomba a voar alto novamente sobre os governos estaduais. Para o PT (especialmente para Lula) é uma excelente oportunidade para fazer crescer apoios nos Estados e garantir na eleição proporcional o maior número de aliados possíveis para o Congresso Nacional.

Aparentemente, tal cálculo eleitoral providencia a petistas e pessebistas a renovação dos votos necessária para que a antiga relação rompida se torne agora duradoura. Mas as aparências, como sempre, enganam. Falta a cereja do bolo e isso não é pouca coisa. A disputa em torno de São Paulo pode estragar a festa dos adeptos da Federação.

Se Lula parece vibrar com a chance de ter o ex-tucano Geraldo Alckmin na sua vice, muitos petistas entendem que essa parceria não pode acontecer sem uma contrapartida do PSB (caso Alckmin se filie à sigla). Essa contrapartida incluiria a retirada da candidatura de Marcio França e o apoio a Fernando Haddad (PT). Todavia, numa relação, quando um não quer dois não brigam. O problema é quando os dois querem e o PSB está brigando pela mesma coisa que o PT nesse instante.

Como se não bastasse, o secretário-geral do PSB, Renato Casagrande (conhecido pelos capixabas como governador do Espírito Santo), conseguiu piorar essa história. E foi com muita água no chope. Ao receber nesse último fim de semana a visita do ex-bolsonarista e atual presidenciável Sérgio Moro (Podemos), Casagrande conseguiu ampliar a insatisfação com a ideia de Federação. Há quem diga que tais movimentos fazem parte de uma estratégia para, sim, romper a aliança antes do altar. A filiação do senador capixaba Fabiano Contarato (possível candidato do PT ao Palácio Anchieta), só serviu para retroalimentar essa disputa. Desse modo, por mais que a Federação sele um relacionamento de quatro anos entre petistas e pessebistas, os noivos capixabas tendem a viver em casas separadas. Resta saber se esse casamento moderno também existe na política.




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