Publicado por: Redação Em: Editorial No dia: 27 de janeiro de 2022
A obra que vai garantir mais acessibilidade na Praça Jerônimo Monteiro, no coração de Cachoeiro de Itapemirim, faz parte de um grande pacote de investimentos – o maior já visto no município. Talvez por falta de informação, algumas pessoas questionam essa intervenção, que utiliza recursos, na ordem de R$ 1,5 milhão, do Fundo do Plano Diretor Municipal – dinheiro que só pode ser aplicado em ações relacionadas a urbanismo e mobilidade.
Ou seja, as obras sao divididas em diversas fases, etapas e formas. Dinheiro público não pode ser utilizado de qualquer jeito. Dinheiro público é assim: dependendo da origem, não pode ser utilizado em qualquer coisa. Um exemplo: cidade conhecida como a mais rica do país, Presidente Kennedy não pode utilizar os royalties para pagar salários. Presidente Kennedy e nenhuma outra, aliás.
O recurso para reforma da praça Jerônimo Monteiro só pode ser utilizado para aquela finalidade: urbanismo e mobilidade. E, cá para nós, a causa, além de obrigação do município, é nobre. E apesar de pessoas com alguma redução de mobilidade serem invisíveis aos olhos da sociedade (talvez por isso a insensibilidade e críticas por parte de alguns), para a prefeitura não pode ser assim. É dever do município criar um ambiente acessível para todos.
Houve até quem questionasse o momento em que as obras estão sendo feitas ali: “daqui a pouco começam as aulas”. Ora, quem precisa de acessibilidade tem pressa. A prefeitura deveria esperar chegar o próximo dezembro e ficar mais um ano desse jeito só para evitar o estresse de quem estará em seus carros com ar-condicionado, enfrentando um pouco de congestionamento?
Recentemente, uma mãe e sua filha foram personagens em uma matéria do Fantástico, da Rede Globo, mostrando a superação da menina, que é cadeirante, e sua performance como dançarina, mesmo com todas as dificuldades. Na reportagem que foi ao ar para o Brasil inteiro, mãe e filha explicitaram o problema que elas enfrentam no dia a dia em Cachoeiro: ruas sem qualquer tipo de acessibilidade.
A reforma na praça Jerônimo Monteiro vai resolver tudo isso? Não. Mas é o primeiro passo nesse sentido. A prefeitura é responsável por ser quem promove esse debate e impulsiona o desenvolvimento, bem como os avanços necessários. A obra, além de extremamente necessária, é urgente.
As ruas sem calçamento, sem drenagem, ou que estejam com problema de iluminação, o parque ecológico na Ilha da Luz, a reforma no Parque de Exposições no bairro Aeroporto, o recapeamento asfáltico de dezenas de ruas no Centro da cidade e inúmeros bairros, enfim, todos os outros investimentos, estão mantidos. Uma coisa não inviabiliza a outra. Discordar do prefeito Victor Coelho, ok. Agora, atacar uma intervenção que vai beneficiar uma camada da população que precisa de mais autonomia e inserção na sociedade, mostra que o debate deixou de ser em torno da obra e se tornou apenas birra política.