Publicado por: Redação Em: Editorial No dia: 2 de agosto de 2021
Colocar em xeque a segurança das urnas eletrônicas a essa altura do campeonato nada mais é que querer tumultuar o processo eleitoral vindouro. Aliás, de onde partiu essa conversa de que o sistema atual de votação sofre fraude? De repente, mas não por acaso, grande parcela do povo brasileiro passou a reproduzir esse discurso e a se questionar em relação a isso. A questão é que quem duvida hoje das urnas eletrônicas, se perder a eleição no ano que vem, vai duvidar também do voto auditável, ou impresso, ou seja lá o que quiserem acrescentar para garantir “mais transparência”.
Não é preciso ter bola de cristal para fazer uma afirmação como essa. Algumas coisas são óbvias e já estão previstas até por quem começou com esse papo furado de fraude nas urnas eletrônicas. Em se consolidando a contraprova do voto, em qualquer maneira, seja impressa ou sinal de fumaça, quem perder não vai aceitar o resultado, porque o objetivo é tão somente tumultuar.
Curioso e exaustivamente falado é que o presidente Bolsonaro vem obtendo êxito eleitoral no sistema que ele mesmo questiona. Teria ele aprendido a fraudar as urnas? Acredita-se que não. A forma como está acontecendo, no momento em que as pesquisas apontam o seu maior índice de rejeição, dá a impressão que é choro de perdedor, antevendo a derrota e já buscando uma justificativa para ela.
Ora, se a urna imprimir o comprovante do voto, o eleitor vai ver ali que realmente foi computado os candidatos que escolheu. Mas ao final da apuração, quando o resultado lhe for desfavorável, poderá dizer que o papel imprimiu uma coisa e a urna registrou outra. Não vai faltar argumento absurdo para deslegitimar a vitória eminente, de quem quer que seja, contra Bolsonaro.
Se querem voto auditável, que coloquem. Mas isso não irá garantir em nada que mudarão o discurso em caso de derrota. Porque o que querem não é segurança, tampouco transparência no processo eleitoral. O desejo é somente bagunçar.
Nos Estados Unidos, o voto é impresso. Por lá, Trump está até hoje dizendo que foi tudo roubado. Provas? Não há. Indícios? Muito menos. É triste ter que ficar falando sobre essas questões em pleno século XXI. Mas o tempo é o senhor da razão. E conforme ele vai passando, a verdade vai vindo à tona, por mais óbvia que possa parecer nesse momento.