Publicado por: Agencia de Notícias Em: Política No dia: 19 de maio de 2021
Em 15 de maio do ano passado, numa sexta-feira, o general da ativa Eduardo Pazuello, então secretário executivo do Ministério da Saúde, apressou-se em convocar uma reunião com integrantes da cúpula do órgão. No encontro, o militar lamentou a saída do médico Nelson Teich do comando da pasta, o segundo a deixar o cargo em plena pandemia, e comunicou que conduziria todos os trabalho dali em diante.
Em sua primeira ordem, Pazuello avisou que queria a aprovação de um protocolo sobre o tratamento da Covid-19. Para cumprir essa missão, parte da equipe trabalhou ao longo do fim de semana. Poucos dias depois, a pasta anunciou a “nota informativa” que ampliava a recomendação de uso de cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina no SUS (Sistema Único de Saúde) desde o primeiro dia dos sintomas, ainda que leves e moderados.
Não havia à época, assim como não existe até hoje, comprovação da eficácia dos medicamentos. Mas o pedido atendia aos interesses de Jair Bolsonaro, que propagandeava o uso dessas drogas. Essa foi a primeira demonstração do que Pazuello mais tarde verbalizaria durante uma transmissão nas redes sociais ao lado do presidente: “Um manda, o outro obedece”.
A consequência dessa subserviência foi fatal para o Brasil. Em cerca de 10 meses de gestão, Pazuello militarizou o Ministério da Saúde com quadros sem experiência em áreas estratégicas, não se consultou com especialistas para a tomada de decisões importantes, tentou esconder dados da pandemia e postergou medidas que poderiam ter salvado vidas.
Nesse período, o número de mortes por Covid-19 no país passou de aproximadamente 15 mil para quase 300 mil. Por causa dessa tragédia, o general da ativa se tornou alvo de uma série de investigações. Nesta quarta-feira, 19, ele prestará esclarecimentos à CPI da Covid do Senado. Será a primeira vez que Pazuello terá de encarar todos os seus erros:
Com a orientação formal do uso da cloroquina, divulgada no dia 20 de maio do ano passado, o Ministério da Saúde passou a fazer distribuição da droga a estados e municípios.
A tentativa de esconder os números da Covid-19 foi outra marca do início da gestão Pazuello no Ministério da Saúde. Servidores do quadro técnico relatam que o próprio ministro reclamava dos dados em reuniões, afirmando que não era possível que tantas mortes tivessem como causa apenas a Covid-19.