Em: Economia No dia: 29 de janeiro de 2021
Os registros de inadimplentes apresentaram baixa de 17,3% em 2020 na comparação com 2019, segundo dados nacionais da Boa Vista. O resultado anual acentuou a queda observada na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, que passou de 14,7% em novembro para 15,9% em dezembro.
Flávio Calife, economista da Boa Vista, aponta que os dados são condizentes com o atual cenário brasileiro no mercado de crédito, marcado por postergações, sobretudo no 2º trimestre do ano passado. Já a comparação mensal, que registra alta de 10,1% em dezembro, sugere que a tendência de queda anterior pode estar próxima de um ponto de inflexão.
De acordo com a pesquisa, o Indicador de Recuperação de Crédito do Consumidor também recuou na comparação anual e registrou variação de -15,3%, o que contribuiu para manter o resultado negativo na análise acumulada de 2020, com queda de 1,8% ante 2019. Já na variação mensal, houve baixa de 7,1%, sugerindo falta de controle dos consumidores na situação financeira no fim do ano passado.
Apesar do cenário de 2020, as expectativas para este ano são de reversão da queda da inadimplência, influenciada pelo fim das postergações e do auxílio emergencial, que mostrou-se determinante na redução dos impactos negativos da pandemia da covid-19 no mercado de crédito. Diante da discussão do retorno do auxílio, é esperado que, caso o projeto entre em vigor novamente, ele sofrerá alteração nos valores e/ou critérios de elegibilidade, de modo que a inadimplência poderá começar a subir.
Ainda que a queda da inadimplência seja positiva, a Boa Vista avalia que seu patamar atual não é o melhor reflexo da realidade. Sob mercado de trabalho enfraquecido, com altas taxas de desemprego e informalidade elevada, mesmo com a retomada setorial da economia, o fim do auxílio e das postergações podem mudar a tendência.