Em: Economia No dia: 8 de julho de 2020
A pandemia de covid-19 e as medidas de isolamento social adotadas para impedir a disseminação do vírus impactaram a receita de 18,1% do total de empresas que prestaram informações em maio à Pesquisa Mensal de Comércio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre as empresas que deram alguma justificativa para a variação da receita em maio, 44,5% citaram o coronavírus como principal causa.
Em maio de 2020 ante maio de 2019, houve uma queda de 26,0% no volume de vendas das empresas varejistas que relataram ter sentido o impacto da covid-19 em suas atividades. Entre as empresas que não reportaram qualquer impacto da pandemia em suas receitas, o volume vendido caiu 0,7%.
Na média global, o comércio varejista teve uma redução de 7,2% nas vendas em maio deste ano ante maio de 2019. As empresas que relataram algum impacto devido à covid-19 deram uma contribuição negativa de -6,6 pontos porcentuais para a formação da média do varejo, enquanto as empresas que não relataram qualquer impacto contribuíram com -0,6 ponto porcentuais.
No varejo ampliado – que inclui as atividades de veículos e material de construção -, as empresas declaradamente impactadas pela covid-19 tiveram um recuo de 24,9% nas vendas, enquanto os informantes que não relataram impacto venderam 11,8% menos.
O subgrupo de empresas impactadas pela covid na média do varejo ampliado, que recuou 14,9% em relação a maio de 2019, foi de -5,8 pontos porcentuais, enquanto o subgrupo das não declaradamente afetadas impactou a taxa em -9,1 pontos porcentuais.
Encolhimento
O crescimento recorde de 13,9% nas vendas do comércio varejista brasileiro em maio ante abril ainda foi insuficiente para reverter as perdas históricas acumuladas em março e abril, decorrentes da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgados pelo IBGE.
O varejo encolheu 7,3% em relação ao patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020. Ao mesmo tempo, o varejo ampliado – que inclui as atividades de veículos e material de construção – teve uma retração de 15,4% em relação ao patamar pré-pandemia, já considerando o avanço de 19,6% alcançado em maio.
Segundo Cristiano Santos, analista do IBGE, a flexibilização de medidas de isolamento social tende a beneficiar o varejo, mas a queda na massa de salários em circulação na economia ainda pode prejudicar o ritmo de recuperação das vendas.
“Se você abre a sua loja é possível que você consiga vender mais do que se estivesse fechada, mas vai depender também de quem está comprando, da massa de renda salarial, desses auxílios (emergenciais), depende de uma série de fatores”, explicou Santos. “O fator flexibilização acaba puxando para cima, mas o fator queda na massa de rendimento real puxa para baixo, então a gente não sabe qual fator vence essa queda de braço para o futuro”, completou.
O pesquisador confirma que o mês de abril foi o pior momento para o comércio varejista. “Até maio, dá para dizer que o pior já passou. O patamar de receita já aumentou, então abril foi o mês mais complicado do ponto de vista da receita das empresas”, disse ele. “Quando você tem uma queda muito grande, é muito difícil piorar também. Esse ajuste nos coloca ainda mais ou menos no pior momento da crise de 2016”, acrescentou.